Cimeira da NATO: De Rússia "parceira" em Lisboa a "ameaça" em Madrid

Com a guerra na Ucrânia como pano de fundo, os líderes da NATO declararam hoje como principal ameaça à segurança euro-atlântica a Rússia, que na cimeira de Lisboa, em 2010, havia sido considerada país parceiro.

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Lusa
29/06/2022 21:04 ‧ 29/06/2022 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

De acordo com a Declaração da Cimeira de Madrid, um texto subscrito pelos 30 chefes de Estado e de Governo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), a "Federação Russa é a maior e mais direta ameaça à segurança, paz e estabilidade dos aliados [da NATO] na região euro-atlântica". O mesmo está refletido no novo conceito estratégico da Aliança, que reserva atenção também a Pequim.

A China, refere o documento adotado nas primeiras horas da cimeira, "declarou ambições e políticas coercivas", desafiando os "interesses, segurança e valores" dos aliados. Entre outras ameaças elencadas pelos líderes da NATO está o terrorismo.

Em relação ao anterior conceito estratégico, aprovado na cimeira de Lisboa que ocorreu entre 19 e 20 de novembro de 2010, o novo inclui a Pequim e revê a postura face a Moscovo.

O anterior documento havia sido aprovado na capital portuguesa pelos líderes dos 28 países que então integravam a NATO, com a assinatura, entre outros, de líderes como Barack Obama (EUA), Angela Merkel (Alemanha), François Sarkozy (França), David Cameron (Reino Unido), Silvio Berlusconi (Itália) ou José Luís Zapatero (Espanha).

Face à posição da NATO em relação à Rússia, a Ucrânia saudou a "lucidez" da Aliança Atlântica e aplaudiu as suas "decisões essenciais" sobre o apoio a Kiev, bem como o início do processo formal de adesão da Finlândia e da Suécia, também hoje concretizado na capital espanhola.

O texto foi divulgado no final da primeira sessão de trabalho da cimeira, que reuniu os líderes dos atuais 30 Estados-membros, depois de a Turquia ter retirado na terça-feira o veto à adesão daqueles países nórdicos à aliança militar.

Por seu lado, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, garantiu que a Ucrânia pode contar com o apoio da Aliança Atlântica.

Stoltenberg disse que, na reunião de hoje, os Aliados reforçaram a decisão tomada em Bucareste sobre a adesão dos ucranianos, referindo-se à cimeira na capital da Roménia em 2014, onde os Estados-membros afirmaram que a Geórgia e a Ucrânia seriam futuros aliados.

Os Aliados reiteraram ainda o seu compromisso para atingir a meta de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) reservados à Defesa e concordaram em aumentar o orçamento comum da organização.

Na declaração da Cimeira de Madrid, os Aliados renovam o compromisso de atingir os 2% até 2024 e pretendem decidir, no próximo ano, os "compromissos subsequentes" pós-2024.

O secretário-geral da NATO assegurou que as decisões que vão ser tomadas na cimeira da capital espanhola vão definir a segurança da Aliança Atlântica nos próximos 10 anos.

Jens Stoltenberg anunciou ainda que as forças de reação rápida da NATO, que irão aumentar dos atuais 40 mil militares para 300 mil, estarão preparadas até 2023 e serão atribuídas a países do leste da Europa.

A cimeira da NATO, que se realiza em Madrid, com mais de quarenta chefes de Estado e de Governo e um programa condicionado pela guerra na Ucrânia, arrancou com uma intervenção do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

A reunião, que decorre entre hoje e quinta-feira no Parque das Exposições, em Madrid, junta 44 chefes de Estado e de Governo -- 30 deles membros da Aliança Atlântica, incluindo Portugal --, no maior número de delegações até agora registado numa cimeira da NATO, organização fundada em 1949.

Leia Também: Aliança reforça parcerias na Ásia e Pacífico perante "sérios desafios"

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