Os dirigentes, que querem pressionar para um regresso rápido dos civis ao poder, vão discutir as fortes medidas de retaliação comercial e financeira impostas ao Mali desde janeiro e outras, mais leves, impostas ao Burkina Faso e à Guiné-Conacri.
O Mali, um país pobre e sem litoral que enfrenta um conflito há mais de uma década, está sujeito a um embargo às transações comerciais e financeiras, excluindo as necessidades básicas.
O Burkina Faso, outro país do Sahel afetado pela violência 'jihadista', e a Guiné-Conacri estão apenas, por enquanto, suspensos dos órgãos da CEDEAO.
Mas as juntas militares no poder querem manter-se durante três anos, arriscando-se a um endurecimento das sanções.
A junta no poder no Mali está há meses em negociações com a organização regional, mas as partes ainda não conseguiram chegar a um compromisso.
Na última cimeira, em 04 de junho, não foi tomada qualquer decisão sobre as sanções contra os regimes golpistas e a CEDEAO deu-se mais um mês para negociar e acordar o levantamento ou a manutenção das penas.
Entretanto, o mediador Goodluck Jonathan, antigo presidente da Nigéria, chegou hoje a Bamako para se reunir com as autoridades militares, e embora nada tenha sido dito oficialmente, um membro da sua equipa disse à agência France-Presse (AFP) que "o Mali fez enormes progressos".
As autoridades anunciaram na quarta-feira um calendário eleitoral que prevê presidenciais em fevereiro de 2024, referendo constitucional em março de 2023, e legislativas em outubro ou novembro de 2023.
Este processo completa a adoção, em 17 de junho, de uma nova lei eleitoral.
Todos esses passos são pré-requisitos essenciais para a CEDEAO levantar as sanções impostas ao país em 9 de janeiro.
Um potencial ponto de bloqueio das negociações poderá ser a possibilidade, prevista na nova lei eleitoral, de uma candidatura de um militar às eleições presidenciais.
A cimeira de domingo é vista com esperança nas ruas de Bamako, diz a AFP, porque as sanções são fortemente sentidas na economia maliana, já antes afetada por dez anos de conflito.
A África Ocidental viu uma sucessão de golpes de Estado em menos de dois anos: o golpe de 18 de agosto de 2020 em Bamako, um segundo em 24 de maio de 2021, o golpe de 05 de setembro de 2021 em Conacri, e o golpe de 24 de janeiro em Ouagadougou.
Alarmada pelo risco de contágio numa região vulnerável, a CEDEAO tem multiplicado as suas cimeiras, mediações e pressões para acelerar o regresso dos civis ao poder.
Para o Burkina Faso, a organização nomeou um mediador, apesar da sua "preocupação" com os 36 meses previstos para a transição.
"Estamos na via do compromisso", disse à AFP um diplomara da região.
O mediador, o antigo presidente do Níger Mahamadou Issoufou, deverá deslocar-se hoje a Ouagadougou, onde lhe deverá ser apresentado um calendário eleitoral, já apresentado na quarta-feira pela junta aos partidos.
Na Guiné-Conacri, que até agora rejeitou a ida ao país de um mediador, a junta anunciou uma transição de 36 meses, prazo considerado "impensável" segundo o chefe de Estado do Senegal, Macky Sall, presidente em exercício da União Africana.
"A CEDEAO deve tomar medidas", avisou.
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