Senadora admite que comissão pode indicar acusações a fazer a Trump
Apesar da comissão de investigação ao ataque ao Capitólio não ter um caráter jurídico, a republicana Liz Cheney entende que as provas contra a atuação do presidente podem motivar uma série de acusações.
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Mundo Ataque ao Capitólio
A senadora republicana e um dos membros do comité da Câmara de Representantes que está a investigar o ataque ao Capitólio, Liz Cheney, admitiu no domingo que, apesar do âmbito do painel não ser jurídico, este poderá indicar várias acusações a ser avaliadas pelo ramo da justiça norte-americana, contra o antigo presidente Donald Trump.
Numa entrevista à ABC, citada pela Reuters, Cheney - que saltou para a ribalta quando contrariou abertamente as mentiras do antigo presidente do seu próprio partido, relativamente a acusações de fraude eleitoral - disse ainda que o Departamento de Justiça não precisar de esperar pelo final do comité para começar a acusar Donald Trump.
"O Departamento de Justiça não precisa de esperar que o comité dê indicações de acusação. Pode haver mais do que uma indicação", acrescentou.
Cheney afirmou, no entanto, que a única entidade responsável por acusar Trump é a justiça, demarcando-se mais uma vez dessa função. Mas não deixou de comentar que é necessário haver consequências para os responsáveis pelo ataque.
"A minha maior preocupação é o que isto significa se pessoas não foram responsabilizadas pelo que aconteceu aqui", respondeu, questionada sobre uma hipotética acusação formal a Trump durante um mandato de Biden.
Nunca nenhum presidente dos Estados Unidos foi formalmente acusado por quaisquer crimes, seja em funções ou após a saída da Casa Branca. Mas os testemunhos cada vez mais impactantes e danosos para Donald Trump, apresentados pelo comité de investigação, tem 'pintado' o antigo presidente com um dos principais e mais conscientes responsáveis pelo ataque ao edifício do Congresso, a 6 de janeiro de 2021, que matou cinco pessoas e feriu dezenas de polícias.
O ataque, por apoiantes de Trump e milícias de extrema-direita, surgiu depois do presidente incitar a população a marchar sobre o Congresso, numa altura em que as duas câmaras legislativas certificavam o resultado das eleições de 2020, que deram a vitória a Joe Biden.
Liz Cheney, uma congressista republicana (e filha do antigo vice-presidente Dick Cheney), é uma das republicanas mais críticas do mandato de Trump, o que lhe valeu uma queda na liderança do Partido Republicano e o investimento de Trump nos seus rivais estaduais e nacionais.
Mas Cheney não desarmou, e na entrevista, considerou que é "uma ameaça constitucional muito grave que um presidente possa ter este tipo de atividades e que a maioria do partido do presidente olhe para o lado".
A senadora vincou a gravidade da situação ao avaliar "a perspetiva do tipo de homem que sabe que uma multidão está armado e a manda atacar o Capitólio, e a incita quando o seu próprio vice-presidente está sob ameaça".
A investigação e as acusações contra Donald Trump vão-se amontoando, cerca de um ano e meio depois de este sair da Casa Branca, numa altura que o próprio Trump está a considerar uma tentativa de conseguir um segundo mandato na Casa Branca. Para já, há eleições intercalares (ou 'Midterms'), nas quais o antigo presidente tem tido altos e baixos ao promover candidatos republicanos seus aliados nas primárias dentro do próprio partido.
Mas Cheney é clara quanto a uma possível segunda presidência de Trump: "Um homem tão perigoso como ele não pode absolutamente estar perto da Sala Oval outra vez", rematou.
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