O presidente da Ucrânia acusou, esta terça-feira, a Rússia de querer criar uma crise económica já este inverno. Num vídeo transmitido durante um congresso de economistas, na Grécia, Volodymyr Zelensky pediu ainda que os países se unissem, considerando que sem e o futuro da Europa será impossível sem essa união.
"Precisamos de tanta união que será a maior na Europa. Claro que muita coisa já foi feita para isso - mas ainda não se fez tudo. Por exemplo, o que está a acontecer no mercado da eletricidade europeu deve ser visto como uma guerra", afirmou, referindo-se ao acesso à eletricidade russa.
"Com o seu jogo do gás, a Rússia está a a fazer de tudo para manter a inflação a crescer e para que a Europa passe pela maior crise de sempre já este inverno", referiu.
Durante o discurso virtual, o líder ucraniano notou ainda que ao mesmo tempo que a 'torneira' se tem vindo a fechar para os países europeus - com, por exemplo, a Alemanha a avisar os consumidores para controlarem o uso deste recurso -, as companhias gregas continuam a fornecer os grande parte das frotas que transportam o petróleo russo.
"Isto acontece numa altura em que outro recurso energético russo [o gás] está a ser usado como arma contra a Europa e contra o orçamento de todas as famílias europeias. Tenho a certeza de que isso não corresponde aos interesses da Europa, da Grécia ou da Ucrânia", acrescentou o responsável.
Apesar de muitas companhias marítimas ou petrolíferas da Europa e dos Estados Unidos terem deixado de negociar com a Rússia após a invasão da Ucrânia, os armadores gregos, que controlam a maior frota da União Europeia, continuam a transportar petróleo bruto russo.
Em maio, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, deixou "à consciência dos armadores" a decisão de transportar petróleo da Rússia.
De acordo com a agência norte-americana de notícias económicas Bloomberg, o transporte marítimo de petróleo russo, que se tornou muito lucrativo desde a invasão russa da Ucrânia, é hoje realizado principalmente por empresas gregas, turcas e chinesas. A Grécia foi um dos primeiros países a condenar a guerra iniciada por Moscovo na Ucrânia, apesar dos seus laços históricos com a Rússia.
Para além do uso do petróleo, Zelensky falou ainda sobre o sistema bancário da Rússia. Sublinhando que a Rússia ainda não estava "fora" dos mercados financeiros globais, responsável fez algumas considerações. "Ainda há esperanças em Moscovo de que no futuro vai ser possível ludibriar o mundo democrático, e, de alguma forma, destruir resistência dos países europeus, em particular", notou.
[Notícia atualizada às 16h01]
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