"Rejeitar esta moção de censura é respeitar o voto dos franceses, é recusar a instabilidade, é aceitar julgar o Governo pelos atos e pelos factos", disse na Assembleia Nacional a primeira-ministra Elisabeth Borne.
A chefe de Governo adiantou que os "franceses estão fartos de diálogos pouco produtivos" e enviaram "uma mensagem clara" sobre as eleições legislativas do mês passado, de que a coligação do Presidente Emmanuel Macron saiu vencedora, mas perdendo a maioria parlamentar que detinha.
A moção foi apoiada apenas pelos grupos da coligação de esquerda NUPES (A França Insubmissa, socialistas e ecologistas), mas não por todos os membros, que são 151.
Para ter sido aprovada, a moção precisaria de 289 votos favoráveis.
O anúncio desta moção de censura foi feito após a primeira-ministra dar a entender que não iria pedir um voto de confiança ao parlamento - tradicional em França, mas não obrigatório.
Elisabeth Borne enfrentou na passada quarta-feira protestos da oposição na apresentação perante a Assembleia Nacional das linhas gerais das prioridades do seu Governo, manifestando-se disposta a "construir" apesar de uma moção de censura apresentada pela esquerda.
"Uma maioria relativa não é nem será um sinónimo de uma ação relativa. Não é sem será um sinal impotência", garantiu Elisabeth Borne, ao discursar pela primeira vez na Assembleia Nacional na qualidade de primeira-ministra.
A líder do Governo francês admitiu que não há acordo para uma governação estável, sem hipótese de coligações para a força do Presidente, Emmanuel Macron, que tem agora uma maioria relativa no parlamento, mas que vai constituir "uma maioria de projetos", dizendo ser uma mulher pronta a "construir a França".
Não é a primeira vez que um Governo começa um mandato sem voto de confiança, já que, perante outras maiorias frágeis, outros primeiros-ministros como Pierre Bérégovoy em 1992, Édith Cresson em 1991 ou Michel Rocard em 1988 fizeram a mesma escolha.
Os deputados franceses, que tomaram posse no final de junho, podem ver as suas férias de verão encurtadas, já que terão de votar novas leis sobre a covid-19 e também um pacote de ajuda ao poder de compra em França, entre os quais um cheque alimentar e outros subsídios para o alojamento, alimentação e energia, cujos preços subiram devido à inflação.
[Notícia atualizada às 19h46]
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