Violência sexual contra crianças aumenta em conflitos armados

A violência contra crianças em países em conflito -- recrutamento de crianças-soldados, assassínios, mutilações, violações, sequestros -- prosseguiu num nível alto em 2021, ano marcado por um aumento da violência sexual, segundo um relatório da ONU hoje divulgado.

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Lusa
12/07/2022 06:44 ‧ 12/07/2022 por Lusa

Mundo

ONU

"Este ano, mais uma vez, duas violações (dos direitos da criança) aumentaram acentuadamente", nomeadamente "sequestros e violações e outras formas de violações sexual (que) aumentaram tragicamente 20%", indicou a ONU em comunicado.

O relatório anual assinado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, analisa vários países em conflito e identifica num apêndice, intitulado "Lista da Vergonha", os responsáveis pelas violações identificadas, autoridades estatais e não estatais, bem como grupos armados.

Em conjunto com a Etiópia e Moçambique, a Ucrânia foi adicionada ao relatório como um país de crescente preocupação devido à guerra.

No ano passado, as Nações Unidas identificaram 23.982 violações graves dos direitos das crianças, a maioria contra meninos, incluindo 22.645 cometidas em 2021 e 1.337 anteriormente.

Embora o progresso, como a libertação de crianças presas ou recrutadas, tenha sido alcançado nalguns países como Mali, Nigéria e Filipinas, as violações mais graves ocorreram no Afeganistão, na República Democrática do Congo, em Israel e nos territórios palestinianos, Somália, Síria e Iémen, de acordo com o relatório.

As organizações não governamentais (ONG) reagiram de forma negativa ao relatório de António Guterres.

"Não só o secretário-geral não incluiu os responsáveis pelos conflitos armados na Ucrânia, Etiópia e Moçambique na sua 'Lista da Vergonha', como o seu relatório não fornece informações significativas sobre as violações hediondas a que as crianças foram submetidas", lamentou o funcionário da ONG Human Rights Watch Jo Becker.

"A omissão das forças de Israel, que são acusadas de assassinar 78 e mutilar 982 crianças palestinianas em 2021, da 'Lista da Vergonha' é outra oportunidade perdida de responsabilizá-las, pois "outras forças ou grupos armados foram listados por muito menos violações", acrescentou.

Num comunicado, outra ONG, a Watchlist on Children and Armed Conflict, também deplorou o desejo de minimizar a responsabilidade de Israel e lamentou um "desrespeito flagrante" pelas vidas das crianças na Etiópia, Moçambique e Ucrânia, bem como noutros países devastados pela guerra.

Por sua vez, numa conferência de imprensa, a representante especial de António Guterres para Crianças e Conflitos Armados, Virginia Gamba, rejeitou as críticas ligadas a Israel, dizendo que o país havia sido avisado de que seria colocado na "Lista da Vergonha" em 2022, se não apresentar melhorias.

Leia Também: Ucrânia: Sobe para 31 número de mortos em ataque russo a edifício

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