De acordo com o documento, a Amazónia, maior floresta tropical do planeta, sofreu 59% de todo o desflorestamento registado no país sul-americano em 2021, com cerca de 18 árvores derrubadas por segundo.
Segundo o relatório anual de desflorestamento do MapBiomas, uma rede na qual colaboram diversas Organizações Não-Governamentais (ONG), universidades e empresas de tecnologia e que consolidou os dados oficiais de alertas de desflorestamento nos seis biomas do país (Amazónia, Cerrado, caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa), com o auxílio de imagens de satélite, a tendência de aumento da destruição dos biomas nos últimos três anos fez com que o país perdesse o equivalente a quase um estado do Rio de Janeiro de vegetação nativa.
No estudo analisou-se 69.796 alertas de desflorestamento registados em 2021 em todo o território brasileiro e encontrou indícios de irregularidades em mais de 98% dos casos.
"Apenas em 1,34% dos alertas (correspondentes a 0,87% da área total destruída) não foram encontrados indícios de irregularidade", apontou-se no relatório.
A falta de controlo de ações ilegais tem relação com o fim dos órgãos ambientais realizado no Governo do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, o que faz com que as fiscalizações de desflorestamento sejam escassas e atingiram apenas 10,5% do total de casos registados no país entre 2019 e 2021, segundo o MapBiomas.
"Para resolver o problema da ilegalidade, é preciso atacar a impunidade: o risco de ser sancionado e responsabilizado pela destruição ilegal de vegetação nativa deve ser real e devidamente percebido pelos infratores ambientais", explicou Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.
De acordo com a análise, a maior parte do desflorestamento do país (96,6%) respondeu a ações causadas por atividades ligadas ao agronegócio, com exceção do Pará, região localizada na Amazónia brasileira onde a mineração ilegal foi responsável pela maior parte da devastação.
A Amazónia concentrou 59% da área desflorestadas no Brasil e 66,8% dos alertas de devastação em 2021.
Mais de 9.770 quilómetros quadrados de vegetação nativa -- o equivalente a duas vezes a cidade de Londres -- foram destruídos no ano passado, o que representa um aumento de quase 15% face ao ano de 2020, que por sua vez, já havia registado um aumento de 10% em relação a 2019.
Em segundo lugar aparece o Cerrado, onde predomina a vegetação de savana tropical, cuja devastação abrangeu 30% do total registado no país, com mais de 5.000 quilómetros quadrados de matas destruídas.
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