Governo alemão volta a rejeitar argumentos russos para corte no gás

O governo alemão explicou esta segunda-feira que a substituição da turbina no gasoduto que transporta gás russo para a Europa estava apenas prevista para setembro e sublinhou que não deverá haver nenhum obstáculo técnico para a importação.

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Lusa
18/07/2022 23:03 ‧ 18/07/2022 por Lusa

Economia

Guerra na Ucrânia

A manutenção do gasoduto russo Nordstream em curso aumenta na Alemanha a preocupação de que o fornecimento não seja retomado na data prevista, 21 de julho, tornando mais provável a subida do alerta do plano de emergência.

Ao mesmo tempo, o maior importador de gás russo da Alemanha divulgou que recebeu uma carta da Gazprom, da Rússia, alegando "força maior" como motivo para o 'deficit' passados e atuais nas entregas de gás, uma alegação que a empresa alemã rejeitou.

Analistas dizem que o impacto da mudança nas entregas futuras de gás é incerto, noticia a agência Associated Press (AP).

A Gazprom reduziu as entregas de gás através do gasoduto Nord Stream 1 para a Alemanha em 60% no mês passado.

A gigante russa de gás citou supostos problemas técnicos envolvendo equipamentos que a parceira Siemens Energy enviou para o Canadá para revisão e não puderam ser devolvidos devido às sanções impostas pela invasão russa da Ucrânia.

O governo canadiano realçou há mais de uma semana que permitiria que a turbina a gás que alimenta uma estação de compressão fosse entregue à Alemanha, citando as "dificuldades muito significativas" que a economia alemã sofreria sem um suprimento de gás suficiente para manter as indústrias em funcionamento e para gerar calor e eletricidade.

Políticos alemães rejeitaram a explicação técnica da Rússia para a redução do mês passado no gás que flui através do Nord Stream 1, referindo que a decisão foi uma jogada política do Kremlin (presidência russa) para semear incerteza e aumentar ainda mais os preços da energia.

"Não vemos razões técnicas. A nossa informação é que esta turbina é uma turbina de reposição, que estava prevista para uso em setembro, mas, novamente, estamos a fazer tudo para tirar possíveis pretextos para o lado russo ", apontou a porta-voz do Ministério da Economia, Beate Baron, aos jornalistas em Berlim.

Quanto à turbina, Baron não especificou onde estava, alegando razões de segurança e acrescentou que não é necessária nenhuma licença da União Europeia (UE) para o seu transporte porque não se enquadra nas sanções daquele organismo.

O Nord Stream 1 foi totalmente encerrado para manutenção anual em 11 de julho. Autoridades alemãs estão preocupadas que a Rússia não possa retomar as entregas de gás após o término programado desse trabalho na quinta-feira e poderia citar uma suposta razão técnica para não fazê-lo.

Para o economista sénior de energia, Hans van Cleef, a Gazprom alegando que não é responsável pela falta de gás "encaixa-se nas expectativas/medos do mercado de que haveria algum tipo de argumento para não reiniciar o gasoduto Nord Stream 1 após a manutenção de 10 dias".

Resta saber "se este é o argumento ou se é apenas um 'aviso'", acrescentou.

A Gazprom levantou a questão das turbinas duas vezes nos últimos dias, realçando no sábado que "abordou formalmente" a Siemens Energy para fornecer os documentos necessários para transportar o equipamento de regresso à Rússia.

A empresa de energia alemã Uniper disse que recebeu uma carta da Gazprom Export na qual a empresa alega força maior retroativamente por 'deficits' passados e atuais nas entregas de gás.

"Consideramos isso injustificado e rejeitamos formalmente a alegação de 'força maior'", esclareceu a Uniper.

Em 08 de julho, a Uniper -- o maior importador de gás russo da Alemanha -- pediu ao governo alemão um resgate para lidar com o aumento dos preços do gás.

Enquanto as negociações sobre este tema continua, a Uniper revelou esta segunda-feira, num comunicado separado, que está a utilizar totalmente uma linha de crédito existente de dois mil milhões de euros do banco de desenvolvimento estatal alemão KfW e solicitou o aumento dessa linha.

Leia Também: Crise climática já custou mais de 80 mil milhões de euros à Alemanha

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