Benim liberta 30 opositores no dia da chegada de Macron ao país

A justiça do Benim libertou hoje, dia da visita do Presidente francês, Emmanuel Macron, a Cotonou, 30 opositores detidos durante as eleições presidenciais de abril de 2021, marcadas pela violência, segundo fonte judicial citada pela AFP.

Notícia

© Reuters

Lusa
27/07/2022 21:22 ‧ 27/07/2022 por Lusa

Mundo

Benim

O Tribunal para a Repressão dos Crimes Económicos e do Terrorismo (Criet) "libertou e colocou sob controlo judicial 30 pessoas detidas por crimes cometidos durante o período eleitoral", disse uma fonte do Ministério Público, citada pela agência France-Presse (AFP).

Entre os libertados estão líderes e jovens ativistas do partido da oposição Democratas, confirmou à AFP o vice-presidente desta formação, Noureini Atchadé.

"Entre os libertados figuram um dos nossos vice-presidentes, Paulin Dossa, o ex-ministro Houdou Ali e a jovem ativista Nadine Okounmassou", especificou.

Esta libertação ocorre no momento da visita do Presidente Emmanuel Macron a Cotonou, que se encontrou com o homólogo do Benim, Patrice Talon, a meio do dia.

Durante uma conferência de imprensa conjunta, o Presidente beninense afirmou que não havia "presos políticos" no país, respondendo à pergunta de um jornalista francês que lhe perguntou se pretendia libertar dois opositores condenados no final de 2021 a pesadas penas de prisão.

Patrice Talon disse no encontro com a imprensa que não exclui futuros perdões de pena ou amnistia.

Emmanuel Macron não fez menção a condenações ou retrocessos democráticos no Benim nas declarações que fez publicamente, apesar de vários apelos de organizações de direitos humanos e parte da oposição francesa e beninense.

A libertação dos opositores ocorre um dia depois de cerca de 75 deputados franceses de esquerda terem, numa carta aberta, alertado Emmanuel Macron para os "excessos autoritários" no Benim e a situação "alarmante" dos presos políticos.

"A situação dos adversários políticos do regime [do Presidente Patrice] Talon [é] cada vez mais alarmante", acusam os parlamentares na carta aberta divulgada terça-feira.

Os eleitos franceses evocaram principalmente as condenações da opositora Reckya Madougou a 20 anos de cadeia por "terrorismo" e do constitucionalista Joël Aivo, a 10 anos de cadeia por "conspiração contra a autoridade do Estado", em meados de dezembro de 2021.

Os advogados da ex-ministra da Justiça, detida poucos dias antes de uma eleição presidencial em que a sua candidatura foi recusada, denunciaram que os juízes "não são livres nem imparciais" que condenam "sem provas".

Os deputados franceses denunciaram os julgamentos como sendo uma "paródia de justiça".

Desde sua primeira eleição em 2016, Patrice Talon lançou amplas reformas políticas e económicas com o objetivo de colocar o Benim no caminho do desenvolvimento.

Mas essa modernização também foi acompanhada por um declínio democrático significativo, segundo a oposição.

Talon foi reeleito em 2021 após uma campanha eleitoral marcada pela violência, quando nenhum grande partido da oposição teve permissão para apresentar candidatos.

As manifestações eclodiram no centro do país e foram reprimidas com sangue e posteriormente, dezenas de opositores foram detidos em todo o país.

A maioria das principais figuras da oposição no Benim foi processada e agora vive no exílio, uma situação que os deputados franceses também denunciam na carta.

Leia Também: Macron reafirma apoio ao Benim na luta contra o terrorismo

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas