A missão da ONU na RDC (Monusco) confirmou que os seus militares abriram fogo contra um posto fronteiriço, sem confirmar, no entanto, o número de mortos que resultaram do incidente.
Este caso acontece num momento em que a missão da ONU na RDC tem enfrentado protestos que pedem a sua retirada.
"Militares da brigada de intervenção da Monusco que estavam a regressar de licença abriram fogo no posto fronteiriço [em Kasindi, na província nordeste de Kivu do Norte] por razões inexplicáveis e forçaram a paragem", referiu a organização em comunicado divulgado este domingo.
"O balanço é de dois mortos", apontou, por sua vez, Joël Kitausa, líder da sociedade civil em Kasindi, que também relatou 14 feridos.
Num vídeo partilhado nas redes sociais, é visível pelo menos um homem em uniforme de polícia e outro com uniforme militar congolês a avançar em direção ao comboio imobilizado em Kasindi, no território de Beni, na fronteira com o Uganda.
Após uma troca verbal, é visível também alegados 'capacetes azuis' a dispararem antes de abrirem a barreira para cruzar a fronteira, noticia a agência AFP.
A chefe da Monusco, Bintou Keita, referiu, citada no comunicado da missão da ONU, que estava "profundamente chocada e consternada com este grave incidente".
"Perante este comportamento inexplicável e irresponsável, os autores do tiroteio foram identificados e detidos enquanto se aguardam as conclusões da investigação que já começou em colaboração com as autoridades congolesas", sublinhou a Monusco.
"Foram também estabelecidos contactos com o país de origem destes militares para que se possa instaurar com urgência um processo judicial com a participação de vítimas e testemunhas, para que sanções exemplares possam ser tomadas o mais rapidamente possível", acrescentou a missão, sem mencionar a nacionalidade dos 'capacetes azuis' visados.
No início do dia, o delegado oficial do governador de Kivu do Norte em Kasindi, Barthélemy Kambale Siva, tinha adiantado à AFP que existiam oito feridos graves, incluindo dois polícias.
Na semana passada, ocorreram manifestações mortais, acompanhadas de destruição e saques em várias cidades do leste da RDC, que exigiam a saída das Nações Unidas.
Presente na RDCongo desde 1999, a Monuc (Missão da ONU na RDCongo) que se tornou Monusco (Missão da ONU para a Estabilização na RDCongo) com a evolução do seu mandato em 2010, é considerada uma das maiores e mais caras missões da ONU, com um orçamento anual de mil milhões de dólares (cerca de 980 milhões de euros, ao câmbio atual).
A missão da ONU conta atualmente com mais de 14.000 "capacetes azuis".
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