O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinalou, esta terça-feira, a chegada do primeiro navio com cereais ucranianos à Turquia, onde será inspecionado antes de seguir para o Líbano.
O chefe de Estado ucraniano considera que a Rússia “provocou” a crise alimentar para usar determinados produtos como arma, contudo, graças ao compromisso dos “parceiros” da Ucrânia, há resultados a ser alcançados, nomeadamente no que diz respeito à exportação de cereais.
“Hoje, o primeiro navio com cereais ucranianos chegou ao Bósforo, passando por um corredor especial no Mar Negro, que foi acordado para desbloquear os nossos portos. O nosso objetivo agora é ter regularidade (…) Todos os consumidores dos nossos produtos agrícolas precisam disso”, começou por dizer Zelensky no seu habitual discurso diário, destacando que a exportação é necessária para que os agricultores e empresas agrícolas “tenham recursos suficientes para a semeadura do próximo ano”.
“A Rússia provocou a crise alimentar para usar a oferta de trigo, milho, petróleo como arma (...) A Rússia cria um déficit, instiga o aumento de preços e, quando isso provoca agitação social, exige concessões políticas. Não deve funcionar com alimentos”, acrescentou.
Depois de reforçar que sabe com quem está a lidar, o presidente ucraniano indica que, neste momento, a Rússia entende que o passo agora dado representa a perda de uma oportunidade “de aterrorizar o mundo”.
“Mas quando o mundo está unido, quando os parceiros cumprem seus compromissos, o resultado necessário pode ser alcançado. Vamos ver como funcionará a iniciativa de cereais nos próximos dias”, destacou Zelensky.
Recorde-se que o navio, que saiu na segunda-feira de Odessa, ancorou em segurança, esta terça-feira ao final do dia, perto da entrada do estreito de Bósforo, cerca de 36 horas depois de partir da Ucrânia.
O navio transporta 26.567 toneladas de cereais com destino ao Líbano, mas a carga será inspecionada em Istambul, esta quarta-feira, pelas 08h00 de Lisboa, de acordo com o Ministério da Defesa da Turquia.
Sublinhe-se que o centro conjunto, do qual fazem parte representantes russos, ucranianos, turcos e das Nações Unidas, foi criado para fiscalizar o envio dos cereais ucranianos, na sequência dos acordos separados com a Ucrânia e com a Rússia para tentar pôr termo à crise alimentar global.
O acordo de 22 de julho sobre a exportação dos cereais por via marítima permitiu criar corredores seguros através das águas minadas à saída dos portos ucranianos.
Aguarda-se que, ainda no decorrer desta semana, mais navios saiam dos portos da Ucrânia pelos corredores seguros.
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