"Josep Borrell convidou as duas partes para estarem em Bruxelas. O Presidente Vucic e o primeiro-ministro Kurti aceitaram o seu convite e vão encontrar-se em 18 de agosto com o Alto Representante e o enviado especial da União Europeia (UE) para a região Miroslav Lajcák para discutir o caminho a seguir no quadro do diálogo entre Belgrado e Pristina", indicou o porta-voz comunitário para os assuntos externos, Peter Stano.
A região tem registado episódios de tensão e o clima agravou-se no norte do Kosovo após a decisão de Pristina em impor autorizações de residência temporária às pessoas que entram no território kosovar com um documento de identificação sérvio, e de obrigar os sérvios do Kosovo a substituírem as suas matrículas dos veículos por placas da República do Kosovo.
Sob pressão ocidental, em particular dos Estados Unidos, o principal aliado do Kosovo, as autoridades de Pristina decidiram adiar por um mês, até 01 de setembro, a entrada em vigor das novas regras na fronteira com a Sérvia.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, manteve contactos com os dois dirigentes e advertiu que a força da NATO no terreno (KFOR) está pronta a intervir "caso a estabilidade seja ameaçada" pelos distúrbios.
A KFOR, com 3.775 militares, tem por mandato "fornecer um clima seguro e de segurança e garantir a liberdade de movimento em benefício de todas as comunidades no Kosovo".
As relações entre Belgrado e Pristina são caracterizadas pelo facto de a Sérvia recusar o reconhecimento da independência do Kosovo -- autoproclamada em 2008, nove anos após uma guerra sangrenta que provocou cerca de 13.000 mortos -- e concluída em 1999 na sequência de uma intervenção da NATO contra a Sérvia e o Montenegro à revelia da ONU.
O último episódio de tensões ocorreu em setembro de 2021 após a decisão de Pristina de proibir as matrículas de identificação sérvias, e de dois postos fronteiriços permaneceram bloqueados durante diversos dias.
O Kosovo independente foi reconhecido por 117 países, incluindo os Estados Unidos que mantêm forte influência sob a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção de Espanha (devido às veleidades separatistas na Catalunha e País Basco), Roménia, Grécia, Eslováquia e Chipre.
A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante do seu território, e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil ou África do Sul) também não reconheceram a independência.
A Sérvia e o Kosovo têm manifestado a intenção em aderir à UE.
Belgrado obteve o estatuto de candidato e negoceia desde 2014, enquanto Pristina é considerado um "candidato potencial" por Bruxelas.
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