"Com apenas duas horas de observação das mesas de voto, não podemos tirar quaisquer conclusões", mas, "até agora, estamos a registar um processo pacífico", indicou Stefanec, que lidera uma equipa de mais de 160 observadores da UE espalhados por 39 dos 47 condados do país chamados a votar na escolha do Presidente, deputados às duas câmaras do parlamento queniano, assim como governadores e legisladores locais.
A Comissão Eleitoral Independente (IEBC, na sigla em inglês) queniana registou, no entanto, alguns incidentes isolados, como o adiamento das eleições num dos círculos eleitorais do condado nordeste de Wajir (fronteira com a Somália), por falta de segurança, depois de homens armados terem atacado o local da assembleia de voto ontem à noite.
"Espero que estas eleições sejam pacíficas, credíveis e transparentes", afirmou Stefanec, fazendo eco das declarações feitas pelo Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, na segunda-feira.
"A UE deseja a todos os candidatos a melhor das sortes e apela a um processo pacífico e transparente, que permita que todos os quenianos façam ouvir as suas vozes", fez saber o diplomata, através da sua conta na rede social Twitter na segunda-feira à noite.
Depois de visitar hoje várias mesas de voto em Nairobi, o chefe da missão da UE observou que "as pessoas esperam pacientemente nas filas de espera e o processo no interior [mesas de voto] está a funcionar".
Isto mostra que "a democracia está a funcionar", afirmou Stefanec.
A missão, que iniciou os seus trabalhos em 27 de junho, com a chegada ao Quénia de uma primeira equipa de 12 peritos, não só garantiu a sua presença no dia da votação, como também observou a campanha que a antecedeu através do destacamento em meados de julho de um primeiro grupo de 48 observadores, a que hoje se juntaram mais 48.
Os observadores são provenientes de 25 Estados-membros europeus, bem como da Noruega, Suíça e Canadá.
A missão emitirá uma declaração preliminar dois dias após as eleições e permanecerá no país até que todo o processo eleitoral esteja concluído, de acordo com a metodologia de observação eleitoral da UE.
Um relatório final será apresentado cerca de dois meses após a conclusão do processo, confirmou Stefanec.
Foram também destacadas missões de observação pela União Africana (UA) e pela Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), um bloco económico de oito Estados da África Oriental, entre outros organismos internacionais.
O escrutínio conta com 22,1 milhões de eleitores inscritos - de uma população nacional de cerca de 55 milhões. Foram distribuídas pelo país pouco mais de 46.200 mesas de voto, que estarão abertas entre as 06:00 locais (03:00 TMG) e as 17:00, de acordo com dados fornecidos pela IEBC.
O vencedor destas eleições será o quinto Presidente do país desde que se tornou independente do Reino Unido em 1963 e substituirá Uhuru Kenyatta, que completa o seu segundo e último mandato presidencial de cinco anos.
O vice-presidente do Quénia, William Ruto, e um antigo primeiro-ministro, Raila Odinga, são os dois favoritos a vencer a corrida presidencial na que será uma das eleições mais disputadas de África, em que os advogados George Wajackoyah e David Mwaure concorrem também, mas sem qualquer hipótese realista de vitória.
De acordo com a maioria das sondagens até agora, nenhum dos dois primeiros classificados obterá mais de 50% dos votos a nível nacional e 25% dos votos na maioria dos condados, as duas condições para uma vitória à primeira volta.
Se os dois requisitos não forem alcançados, o país irá novamente a votos num prazo máximo de 30 dias.
Para garantir a segurança da votação, foram mobilizados cerca de 150.000 agentes da lei em todo o país, de acordo com informações da polícia queniana.
O Quénia é frequentemente identificado pela comunidade internacional como uma potência estabilizadora na conturbada região do Corno de África e um parceiro leal do Ocidente.
O país destaca-se como a sexta maior potência económica de África e uma das economias em desenvolvimento com mais rápido crescimento em todo o continente, tendo registado um aumento anual do Produto Interno Bruto 5,7% entre 2015 e 2019.
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