Casal homossexual nos EUA atacado e insultado com referências a Monkeypox
A polícia de Washington D.C. está a investigar o caso como um crime de ódio, devido aos vários insultos homofóbicos contra os dois homens. As autoridades de saúde avisam que qualquer pessoa pode contrair o vírus, independentemente da orientação sexual.
© Getty Images
Mundo Monkeypox
As autoridades norte-americanas estão a tratar como um crime de ódio um ataque ocorrido no domingo, dia 7 de agosto, no qual dois homens agrediram um casal homossexual e o insultaram com expressões homofóbicas e com referências à doença 'Monkeypox'.
Em comunicado, a Polícia Metropolitana de Washington D.C. conta que o ataque ocorreu por volta das 19h00, e fizeram comentários às vítimas "com base na sua orientação sexual". Os dois homens terão esmurrado as vítimas e fugido do local, antes da polícia chegar.
As autoridades afirmaram que estão "a investigar este ataque como potencialmente motivado por ódio ou tendencioso". Também a autarca da capital norte-americana, Muriel Bowser, condenou a agressão e mostrou-se "extremamente perturbada com o alegado crime de ódio".
I am extremely disturbed by the reported hate crime that happened in DC this weekend, and I send my support to the victims.
— Mayor Muriel Bowser (@MayorBowser) August 9, 2022
It is our collective responsibility to understand the role we each play in building a safer community for all who live in and visit DC.
My full statement: pic.twitter.com/cMNcPXDH3U
"Sempre que um crime de ódio acontecer na nossa cidade, é a nossa responsabilidade coletiva entender o papel que cada um de nós representa em construir uma comunidade mais segura, para todas as pessoas que vivam e visitem D.C.", escreveu a 'mayor', no Twitter.
O casal, que não quis ser identificado, contou à NBC News que a agressão, embora assustadora, não é chocante. "Acho que tem ocorrido um crescimento ao longo dos últimos meses e anos de acordo com as conversas que temos vindo a ter com pessoas LGBTI+. Pode acontecer", disse uma das vítimas.
Este crescimento está também relacionado com os vários ataques que a comunidade 'queer' e LGBTI+ tem vivido nos últimos anos ao nível legislativo. À medida que se aproximam as eleições intercalares ('Midterms'), muitos estados liderados por republicanos conservadores tem promovido e aprovado leis que limitam os direitos e atacam diretamente a comunidade LGBTQ+, nomeadamente impedindo manuais escolares que referenciem conteúdos 'queer' ou impedindo mesmo que assuntos relacionados com a comunidade LGBTQ+ sejam abordados na escola (mesmo que um aluno questione um professor sobre o assunto).
Na corrida às 'Midterms', candidatos conservadores têm continuado estes ataques - que não se limitam a minorias de género, continuando também na limitação do direito ao voto de minorias étnicas.
Quanto às referências ao vírus Monkeypox, tem crescido também o número de ataques à comunidade LGBTI+, especialmente a homens homossexuais, devido à prevalência da doença em homens e à transmissão via contactos próximos.
A verdade é que o vírus pode espalhar-se por pessoas com vários parceiros sexuais e contactos físicos, mas pode transmitir-se por várias vias, incluindo pela via respiratória ou através da partilha de objetos pessoais (toalhas, talheres, copos, vestuário, roupa de cama, etc.), em casos de exposição prolongada e muito próxima. Os principais veículos de transmissão são os fluídos corporais e feridas na pele.
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) não tem qualquer menção a orientações sexuais na sua explicação sobre a doença, deixando claro que o Monkeypox pode ser transmitido de várias formas. "Apesar do contacto físico ser um fator de risco conhecido para a transmissão, não é claro, para já, que o Monkeypox possa transmitir-se especificamente de forma sexual".
Também a Direção-Geral da Saúde (DGS) escreve, no seu explicador, que "atualmente não se sabe se o vírus Monkeypox pode ser transmitido através de sémen ou fluidos vaginais, mas o contacto direto, pele com pele, com lesões em práticas sexuais pode transmiti-lo".
Depois de o presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia ter sugerido, em maio, que a doença "pode ser o início de uma epidemia entre os homossexuais", a ILGA Portugal, uma das maiores organizações de defesa dos direitos da comunidade LGBTI+ a nível nacional, deixou claro que “não faz qualquer sentido relacionar a orientação sexual com esta doença ou com qualquer outra, o que nós temos de focar sempre é nos comportamentos".
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