"Combater perto de uma central nuclear é perigoso e irresponsável", afirmou um porta-voz do Departamento de Estado, acrescentando que "os Estados Unidos continuam a apelar à Rússia para que cesse todas as suas operações militares nas centrais nucleares e em seu redor e fornecer o seu pleno controlo à Ucrânia".
Os Estados Unidos "apoiam os apelos dos ucranianos para criar uma zona desmilitarizada na central nuclear e em seu redor", afirmou ainda.
O Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky apelou à instauração de uma zona desmilitarizada em Zaporijia, controlada pelas tropas russas desde 04 de março, pouco após o início da ofensiva na Ucrânia em 24 de fevereiro.
O local da central nuclear de Zaporijia voltou a ser hoje bombardeado, com a Ucrânia e a Rússia, de novo, a acusarem-se mutuamente.
Segundo o operador ucraniano Energoatom, diversos captadores de radiação foram danificados no novo bombardeamento, perto de um reator nuclear.
"A situação agrava-se, substâncias radioativas estão situadas na proximidade e diversos captores de radiação foram danificados", indicou a Energoatom no Telegram, algumas horas após ter registado novas explosões nas proximidades.
Em paralelo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu contra um risco de "catástrofe", pouco antes de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU sobre esta situação, e a pedido da Rússia.
A Agência internacional de energia atómica (AIEA) informou que o seu diretor-geral, Rafael Grossi, vai dar conta ao Conselho de Segurança da "situação em termos garantias e de segurança nucleares" na central, e ainda dos seus "esforços para enviar uma missão de peritos da AIEA à central logo que possível".
De acordo com as autoridades pró-russas, o nível de radioatividade depois dos ataques permanece normal.
Zaporijia já tinha sido atacada duas vezes na semana passada, suscitando preocupação da comunidade internacional.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas de suas casas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de seis milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 16 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que está a responder com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
A ONU confirmou que 5.401 civis morreram e 7.466 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 169.º dia, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
Leia Também: Secretário-geral da ONU "seriamente preocupado" com central de Zaporíjia