"As notícias não são boas", disse o seu agente, Andrew Wylie, à imprensa. "Salman provavelmente perderá um olho; os nervos do seu braço foram cortados; e o seu fígado foi esfaqueado e danificado", acrescentou.
O agressor do escritor britânico Salman Rushdie é um homem de 24 anos chamado Hadi Matar, que ainda está sob custódia, indicou na sexta-feira a polícia do estado norte-americano de Nova Iorque.
Numa conferência de imprensa para apresentar detalhes do ataque, a polícia afirmou não ter ainda informações sobre o motivo da agressão.
O agressor é um jovem morador de Fairview, no estado vizinho de Nova Jérsia, disse o porta-voz da polícia, que deu as suas declarações em Jamestown, cidade localizada no estado de Nova Iorque, onde Hadi Matar está detido.
O porta-voz da polícia acrescentou que Hadi Matar deu a Rushdie pelo menos uma facada no pescoço e outra no abdómen, e que o escritor "ainda está na sala de cirurgia" num hospital em Erie, na Pensilvânia, mas sem fornecer mais detalhes sobre o estado de saúde do autor.
Os ferimentos do escritor podem ser graves, a julgar pelas várias horas que passou na sala de cirurgia desde que foi transferido de helicóptero desde Chautauqua.
O porta-voz da Polícia disse ainda que Rushdie foi inicialmente tratado por um médico que estava presente no público da conferência.
O profissional de saúde tratou igualmente o outro orador, Henry Reese, que foi também agredido e que sofreu ferimentos no rosto, mas já recebeu alta.
Rushdie foi atacado quando estava a iniciar uma palestra em Chautauqua, Nova Iorque, "por volta das 11:00 [locais, 16:00 em Portugal Continental]", indicou a polícia, acrescentado que o suspeito foi detido.
"Um suspeito subiu ao palco e atacou Rushdie e um apresentador. Rushdie sofreu uma aparente facada no pescoço, e foi transportado de helicóptero para um hospital local. O seu estado [de saúde] ainda não é conhecido", lê-se numa mensagem publicada pela polícia de Nova Iorque logo após o ataque, no seu 'site'.
Salman Rushdie é o autor de "Os Versículos Satânicos", obra pela qual foi condenado à morte pelo Irão do líder religioso Ayatollah Khomeini, que emitiu uma 'fatwa' (decreto da lei islâmica) contra o escritor, distinguido com o prémio Booker.
O escritor chegou a viver em paradeiro desconhecido, sob segurança.
O Irão ofereceu então uma recompensa de três milhões de dólares a qualquer pessoa que assassinasse Rushdie.
O Governo do Irão há muito que se distanciou do decreto de Khomeini, mas o sentimento anti-Rushdie permanece.
Em 2012, uma fundação religiosa iraniana aumentou a recompensa pelo assassinato de Rushdie para 3,3 milhões de dólares.
Rushdie desvalorizou a ameaça na altura, dizendo que não havia "nenhuma prova" de que houvesse alguém interessado na recompensa.
Nesse ano, o escritor publicou o livro de memórias 'Joseph Anton - Uma Memória', sobre a 'fatwa'.
Autor de cerca de duas dezenas de títulos, Rushdie recebeu o prémio Booker em 1981 por "Os Filhos da Meia-Noite", também distinguido com o Booker of Bookers, em 1993, e, em 2008, o Best of the Booker.
'O Último Suspiro do Mouro' valeu-lhe o prémio Withbread, em 1995, e o Prémio Literatura da União Europeia, em 1996.
Salman Rushdie fixou-se na cidade de Nova Iorque, há cerca de 20 anos, e na sexta-feira tinha prevista uma intervenção na Instituição Chautauqua, um centro cultural situado no Oeste do estado de Nova Iorque.
Salman Rushdie é publicado em Portugal pela Dom Quixote.
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