"A União Europeia congratula-se com a abertura do diálogo nacional em 20 de agosto de 2022. Este é um passo fundamental no processo de transição política do país", indica uma porta-voz do Serviço Europeu de Ação Externa, numa declaração hoje divulgada.
Dias depois de o líder rebelde regressar ao Chade para preparar eleições, a UE apela na nota "a todos os atores, incluindo as autoridades de transição, a oposição e a sociedade civil chadiana a aproveitarem esta oportunidade".
"É importante que o diálogo seja o mais inclusivo possível - com uma representação justa de todos os componentes da sociedade chadiana, incluindo os jovens e as mulheres - para assegurar a sua legitimidade aos olhos da população chadiana e assim ganhar também o apoio da comunidade internacional", aponta a diplomacia da UE, em nome do Alto Representante, Josep Borrell.
Para a diplomacia comunitária, "o regresso ao país de figuras de destaque de diferentes grupos políticos e militares na sequência do acordo de Doha é uma evolução positiva".
"Apelamos ao respeito pela liberdade de expressão e pelo direito de reunião e manifestação, que também são importantes para uma transição inclusiva e pacífica", acrescenta-se na nota, adiantando-se que "a UE já forneceu apoio técnico para a preparação deste diálogo e está a acompanhar as discussões com grande interesse".
A UE está ainda "pronta a continuar a apoiar um processo de transição pacífica baseado no consenso nacional, com vista a estabelecer as condições para um novo contrato social para a paz e prosperidade em benefício de todos os chadianos, a lançar as bases para um rápido regresso à ordem constitucional, e para eleições livres, transparentes e credíveis".
O líder da União das Forças de Resistência (UFR) do Chade, Timan Erdimi, aterrou na passada quinta-feira em N'Djamena, capital do Chade, país que a partir de sábado começou o processo de reconciliação que deverá levar a eleições.
Em 2019, após a sua ofensiva falhada, o sistema judicial chadiano condenou Timan Erdimi, à revelia, a prisão perpétua.
Em novembro de 2021, a junta no poder decretou uma amnistia geral para rebeldes e opositores, dizendo que queria "eliminar os vestígios herdados dos períodos negros" do país.
O rebelde é um primo de Mahamat Idriss Déby, o novo homem forte do Chade, que tomou o poder do seu pai Idriss Déby à frente de um Conselho Militar de Transição (TMC).
Mahamat Idriss Déby chamou a si praticamente todos os poderes, tendo dissolvido o Governo e suspendido a Constituição, mas prometeu o regresso a um Governo civil após um período de transição de 18 meses.
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