Josep Borrell conversou esta segunda-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, aproveitando para destacar o papel de Ancara na garantia do acordo da ONU para a exportação de cereais ucranianos.
"Destaquei o papel da Turquia em garantir o acordo e mitigar o impacto da agressão russa contra a Ucrânia", sublinhou o diplomata espanhol numa publicação na rede social Twitter.
O alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros discutiu ainda com Mevlüt Çavusoglu o "impacto das sanções" ocidentais e transmitiu a sua esperança de que a Turquia "pode usar a sua influência sobre a Rússia para parar a guerra sem sentido".
Após intensas negociações, Moscovo e Kyiv concordaram em 22 de julho em estabelecer corredor seguro desde Odessa para permitir a saída deste porto dos 20 milhões de toneladas de cereais que estavam bloqueados nos seus silos devido à guerra iniciada pela Rússia em fevereiro.
Um "centro de coordenação conjunta", composto por cerca de 20 representantes ucranianos, russos, turcos e da ONU, supervisiona este corredor marítimo.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, voltou a oferecer-se esta segunda-feira como anfitrião para um possível encontro entre os chefes de Estado da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da Rússia, Vladimir Putin.
"O nosso objetivo é trazer Putin e Zelensky ao nosso país, esperemos que num futuro não muito distante", disse Erdogan após uma reunião do Governo turco, defendendo assim a intenção de Ancara de que russos e ucranianos aproximem posições, segundo a agência Anatólia.
Na semana passada, Erdogan e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, mantiveram na Ucrânia um encontro trilateral com Zelensky, no qual debateram as perspetivas diplomáticas para pôr fim ao conflito entre Rússia e Ucrânia, que já dura há seis meses.
Zelensky deixou claro que não haverá quaisquer negociações até que a Rússia retire as suas tropas do território ucraniano e, do lado russo, também não foi expressa qualquer intenção de entabular um diálogo de alto nível, pelo que parece afastada a curto prazo a hipótese de um encontro entre os dois Presidentes.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro deste ano, desencadeando uma guerra que, ao fim de quase seis meses, não tem ainda perspetivas de terminar. Desconhece-se o número de baixas civis e militares, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que será elevado.
A guerra provocou também 12 milhões de refugiados e de deslocados internos. A generalidade da comunidade internacional condenou a Rússia pela invasão da Ucrânia.
A União Europeia e países como os Estados Unidos, o Reino Unido ou o Japão têm decretado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos e fornecido armas à Ucrânia.
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