A morte de Darya Dugina continua a ser um dos temas quentes do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e, horas depois do funeral da jornalista, uma nova questão surge entre os utilizadores mais atentos das redes sociais e que revolve em torno da aparência do cadáver.
Em causa estão fotografias das cerimónias fúnebres, nas quais aparece o cadáver da jovem, de 29 anos, filha do filósofo Alexandr Dugin, um apoiante do Kremlin.
Nas cerimónias fúnebres, que decorreram com o caixão aberto, é possível ver o rosto, que aparentemente não se encontra queimado - algo que seria de esperar, dado que o carro no qual seguia explodiu devido a uma bomba que foi implantada, e contas de Telegram russas oficias davam conta de "o corpo estava tão gravemente queimado que a identificação imediata do corpo foi impossível".
Left: news of the Daria Dugina death on August 20th:
— Ostap (@ostap) August 23, 2022
"The body was so badly burned that it made quick identification impossible.
Right: news of the Daria Dugina funeral: "She seems to be only sleeping" pic.twitter.com/d1HcvqJ8AW
O acidente, no qual a Ucrânia já negou estar envolvida - tendo, até, defendido que a Rússia 'ganhava' algo com esta morte - ocorreu a 20 de agosto, após a, também, comentadora política dar uma palestra. No regresso, o carro, que estaria em nome do pai - o que levanta questões sobre se Darya era ou não o alvo -, incendiou-se por completo, tal como se podem ver nas imagens. "Se Daria Dugina foi morta num carro-bomba, provavelmente não haveria um caixão aberto no seu funeral", lembra um utilizador no Twitter.
If Daria Dugina was killed by a car bomb there propably wouldn’t be an open casket at her funeral… 🤔#FSBcoverUp #FakeDeath pic.twitter.com/md2PoEC930
— Jussi Pekka 🇺🇦 (@JuPe_EU) August 23, 2022
Enquanto estas fotografias e dúvidas circulam nas redes sociais, com alguns utilizadores a questionarem mesmo se "a jovem terá morrido ou se estará de férias na Turquia", país que tem servido de intermediador nesta guerra.
Um dos responsáveis pela Meduza, um meio de comunicação independente russo, apontou, no entanto, uma razão para que o cadáver não esteja incinerado - dada a gravidade da explosão.
I’ve been sent a link to a video recorded at the scene of the explosion that killed Daria Dugina. For those of you speculating about the mystery of her apparently intact face at today’s funeral, know that her body (albeit mangled by the blast) was not left to burn in the car.
— Kevin Rothrock (@KevinRothrock) August 23, 2022
"Enviarem-me um vídeo da cena da explosão que matou Darya Dugina. Para aqueles que estão a especular sobre o mistério do aparente rosto intacto no funeral de hoje [terça-feira], saibam que o corpo (embora mutilado pela explosão) não ficou no carro a arder", escreveu o jornalista, referindo-se a uma alegada projeção do cadáver durante a explosão do carro-bomba.
Enquanto o principal conselheiro da presidência da Ucrânia, Mykhailo Podolyak, negou o envolvimento, o antigo deputado da Duma Ilya Ponomarev defendeu que a explosão foi obra do Exército Nacional Republicano (NRA), grupo clandestino que se dedica a derrubar o regime de Putin, aponta o Guardian. Ainda assim, a autenticidade destas informações não foi verificada de forma independente.
Líder do Movimento Eurasiático, Alexander Dugin, 60 anos, tem sido descrito no Ocidente como o "cérebro de Putin" e o "guia espiritual" da invasão da Ucrânia, embora se desconheça se mantém contacto com o líder russo.
Apoiante da invasão da Ucrânia, tal como o pai, Darya Dugina foi alvo de sanções das autoridades norte-americanas e britânicas, que a acusaram de contribuir para a desinformação em relação à guerra iniciada pela Rússia a 24 de fevereiro.
A jornalista terá mesmo descrito o conflito na Ucrânia como um "choque de civilizações", manifestando orgulho por tanto ela, como o pai, terem sido sancionados pelo Ocidente, numa entrevista em maio, segundo a BBC.
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