Dezenas de apoiantes de al-Sadr invadiram hoje o Palácio da República, em Bagdade, para expressar o seu descontentamento após o clérigo populista iraquiano ter anunciado a sua "retirada definitiva" da política.
Os apoiantes do líder religioso e político entraram no Palácio da República, localizado na ultra-segura Zona Verde da capital iraquiana, levando as forças de segurança a disparar.
O mais recente relatório divulgado à agência France-Presse (AFP) por fontes médicas aponta para oito mortos e 85 feridos.
A situação na Zona Verde de Bagdade mantém-se caótica, apesar do decretar do recolher obrigatório, efetivo a partir de hoje.
A missão da ONU no Iraque (Unami) apelou à calma, alertando para "uma escalada extremamente perigosa" de tensões.
Em comunicado, a missão exortou os manifestantes a deixarem "imediatamente" a Zona Verde de Bagdade e a desocupar os edifícios públicos para que o governo possa continuar o seu trabalho.
A Unami salientou também que "está em jogo a sobrevivência do Estado" e que "os iraquianos não podem ficar reféns de uma situação imprevisível e insustentável", apelando à colaboração de todas as partes.
Os Estados Unidos consideraram os relatos sobre o surto de violência em Bagdade como "perturbadores" e pediram "calma" e "diálogo", segundo referiu hoje o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.
"É altura de diálogo, não de escalada de tensões. Pedimos a todas as partes envolvidas que permaneçam calmas", sublinhou.
Desde as eleições de outubro do ano passado que o Iraque está sem governo e sem um novo Presidente, depois de o partido de Al-Sadr ter vencido, mas com apenas 73 lugares dos 329 do Parlamento.
O anúncio de Al-Sadr ocorreu apenas 48 horas depois de ter exigido a exclusão da cena política de todos os partidos que atuam no Iraque desde 2003, como condição para superar a crise que se vive desde as eleições de outubro.
O partido de Al-Sadr tentou uma aliança com outras forças parlamentares para eleger o Presidente e o primeiro-ministro, que ficariam encarregados de formar um Governo, o que acabou por não ser possível, devido ao bloqueio dos opositores xiitas, próximos do regime iraniano.
Os deputados sadristas demitiram-se em bloco, em junho, mas, perante a eleição de um Presidente e de um primeiro-ministro propostos pelos opositores, os seguidores de Al-Sadr ocuparam o Parlamento, em 30 de julho.
A ocupação durou uma semana e, após um apelo do clérigo, os sadristas retiraram-se do Parlamento e têm estado acampados em frente ao edifício, para exigir a dissolução da Câmara e novas eleições.
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