As medidas tomadas pelo governo alemão "contribuíram em termos de segurança do abastecimento para estarmos agora numa situação muito melhor do que era previsível há alguns meses, e podermos lidar muito bem com as ameaças que vêm da Rússia", assegurou.
Em declarações à imprensa antes do início do Conselho de Ministros extraordinário de dois dias que o Governo alemão está a realizar em Meseberg, perto de Berlim, Scholz referiu-se especificamente ao gás, que a Rússia está a utilizar como parte da sua estratégia na guerra contra a Ucrânia.
"Começámos muito, muito cedo a preparar-nos para a situação em que poderia haver problemas com o fornecimento de energia" e "desde que começámos cedo também tomámos as decisões necessárias muito rapidamente e a um grande ritmo para podermos passar bem neste inverno e no próximo", declarou o chefe do governo alemão.
Scholz referiu-se especificamente à construção "a um ritmo impressionante" de novos terminais nas costas do norte da Alemanha para poderem importar gás liquefeito e às possibilidades de importação dos portos da Noruega, Holanda e Europa Ocidental.
Os tanques de armazenamento de gás estão, ao contrário do ano passado, já com mais de 80% da sua capacidade, disse, e assegurou que continuarão a ser abastecidos "para estarem preparados para o próximo inverno".
Referiu-se igualmente às medidas destinadas a alargar o funcionamento das centrais a carvão e a petróleo e lembrou que está atualmente a ser estudado se faz sentido fazer o mesmo com as últimas centrais nucleares que deveriam deixar de funcionar no final deste ano.
O chanceler alemão sublinhou que tudo isto será feito tendo em conta também o impacto económico desta crise energética para os cidadãos e empresas, com ajudas para fazer face ao aumento dos preços.
Além da energia, outra das questões centrais a ser discutida neste Conselho de Ministros extraordinário será a estratégia de segurança nacional, questão que será abordada com o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, que foi convidado a estar nesta reunião do executivo alemão.
Antes da reunião, Olaf Scholz defendeu ser necessário avançar com a "grande tarefa" de construir e reforçar a rede europeia de ligações energéticas, tanto ao nível da eletricidade, como do hidrogénio, no futuro, mas também, e de forma mais urgente, do gás, para tornar a União Europeia (UE) menos dependente do gás russo.
Pedro Sánchez, por seu turno, reiterou que Portugal e Espanha pedem há anos que se acelerem as ligações para transporte de energia entre a Península Ibérica e o resto da Europa e que se o projeto do gasoduto dos Pirenéus "não se desenvolver ao ritmo adequado", por obstáculos colocados por França, a própria UE definiu "outra possibilidade", que é a de uma ligação com Itália.
O gasoduto dos Pirenéus foi recentemente considerado uma infraestrutura prioritária pela UE, no contexto da crise energética na Europa provocada pelo ataque da Rússia à Ucrânia em 24 de fevereiro passado e a ameaça de Moscovo de cortar o fornecimento de gás à Europa.
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