"Gorbachev foi sem dúvida o político mais brilhante do seu tempo. Mas para todos os nascidos na União Soviética, este continua a ser uma figura histórica, complexa e controversa", destacou Leonid Slutski, líder do Partido Liberal Democrata, numa publicação através da rede social Telegram.
Leonid Slutski lamentou a morte de Gorbachev, mas também ressalvou que lamenta que os processos de desintegração do império soviético tenham começado justamente com a "Perestroika" (reestruturação), promovida pelo último líder da URSS.
Para o deputado comunista Nikolai Kolomeitsev, Gorbachev era um "traidor".
"Foi um traidor e não um secretário-geral. Destruiu o país, foi uma alta traição", atirou este deputado.
Já Oleg Nilov, deputado da Rússia Justa, referiu, por sua vez, que apenas se pode falar bem do ex-líder soviético ou "não se deve falar nada".
Para o chefe de protocolo de Mikhail Gorbachev, Vladimir Shevchenko, a época de liderança do ex-líder da URSS foi um tempo "de esperança".
"Foi o momento da nossa entrada num mundo sem mísseis, onde foram assinados acordos únicos. Mas houve apenas um erro de cálculo: não conhecíamos bem o nosso país", salientou.
Segundo Shevchenko, que trabalhou com Gorbachev entre 1985 e 1991, a queda da URSS foi uma tragédia para o dirigente soviético.
Também o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, já tinha manifestado "profunda tristeza" pela morte de Gorbachev, segundo o porta-voz da presidência russa (Kremlin), Dmitri Peskov.
O ex-líder da União Soviética morreu esta terça-feira aos 91 anos, adiantaram as agências de notícias russas.
Tass, RIA Novosti e Interfax citaram o Hospital Clínico Central.
O gabinete de Gorbachev havia dito que o ex-chefe de Estado estava em tratamento no hospital.
Segundo as informações iniciais, Mikhail Gorbachev será enterrado no cemitério Novodevichy, em Moscovo, onde se encontram os restos mortais de figuras importantes da história russa, assim como o túmulo da sua esposa, Raísa.
O último presidente da União Soviética vivia longe dos holofotes dos 'media' há anos, devido a problemas de saúde
Como último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev travou uma batalha perdida para salvar um império fragilizado, mas produziu reformas extraordinárias que levaram ao fim da Guerra Fria.
O antigo secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), entre 1985 e 1991, desencadeou uma série de mudança que resultaram no colapso do Estado soviético autoritário, na libertação das nações do Leste Europeu do domínio russo e no fim de décadas de confronto nuclear Leste-Oeste.
Gorbachev ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1990 pelo seu papel no fim da Guerra Fria e passou os seus últimos anos a colecionar elogios e honras em todo o mundo, contrariando a visão da Rússia, onde era -- e é -- desprezado.
Leia Também: Gorbachev "teve um impacto decisivo em todo o mundo", diz Durão Barroso