"Temos entre nós a capacidade de remover (...) o intermediário, de remover as escalas [aéreas], e de remover para sempre os céus da passagem do meio", disse Mottley, numa referência ao tráfico de escravos através do atlântico, na sessão de abertura do AfriCaribbean Trade and Investment Fórum (ACTIF2022), que hoje começou, em Barbados e visa promover o comércio e o investimento entre empresas africanas e caribenhas
Para viajar de África para as Caraíbas atualmente, é necessário fazer escala na Europa ou na América do Norte, o que representa mais tempo e mais custos.
No seu discurso inaugural do ACTIF2022, Mottley disse que os países das Caraíbas já eliminaram os vistos de entrada, mas questionou: "Se a única forma de chegar aqui é através da América do Norte ou da Europa, como vamos fazer com que esses vistos de trânsito tragam as pessoas até aqui se não construirmos uma ponte no atlântico através de pontes aéreas?".
O presidente do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank), Benedict Oramah, manifestou a intenção de apoiar companhias aéreas que façam a ligação aérea entre as duas regiões e o ministro da Economia do Senegal, Amadou Hott, defendeu também a criação de corredores aéreos entre a África Ocidental, por exemplo, e as Caraíbas.
Hott e contou na sua intervenção que, a caminho de Bridgetown perdeu a ligação aérea em Nova Iorque, o que fez com que a sua viagem entre Dacar e Bridgetown durasse 28 horas, quando poderia ser de cinco ou seis se houvesse um voo direto.
"Só pode ser uma questão de mentalidade que impede um avião de viajar menos 2.000 quilómetros entre Bridgetown e Dacar do que entre Bridgetown e Londres. Duas horas menos, 2.000 quilómetros menos... E no entanto, [o ministro senegalês] demorou 28 horas a chegar cá", lamentou Mottley.
Para a primeira-ministra de Barbados, trata-se apenas de "um ato de vontade política e vontade individual".
"Se tivermos de (...) tornar os voos viáveis, se tivermos de criar ligações logísticas diretas entre os nossos portos de entrada para que possamos exportar diretamente sem ter de ir ao norte e fazer os nossos produtos pouco competitivos, então que o façamos", afirmou, defendendo que só assim se consegue reduzir a pobreza nas duas regiões.
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