Chile. Presidente quer novo processo constituinte após 'não' em referendo

O Presidente chileno, Gabriel Boric, prometeu lançar de forma acelerada um novo processo constituinte, após um referendo ter rejeitado, com uma margem de quase 12 pontos percentuais, a nova Constituição do país.

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Lusa
05/09/2022 06:19 ‧ 05/09/2022 por Lusa

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Chile

Numa intervenção na televisão pública, no domingo, Boric apelou ainda a todos os chilenos para que "se debruçam em conjunto e unidos na construção do futuro".

O chefe do Estado confirmou que convocou os líderes do Congresso e representantes da sociedade civil para uma reunião, hoje, na residência presidencial, La Moneda.

"Quando agimos em unidade é quando realçamos o melhor de nós mesmos", disse Boric.

"Estou empenhado em fazer tudo da minha parte para construir, juntamente com o Congresso e a sociedade civil, um novo caminho constituinte", disse o Presidente.

"O povo do Chile falou e fê-lo de uma forma clara e forte", acrescentou Boric.

Com cerca de 96% dos votos contados, o 'não' ganhou por quase 12 pontos, obtendo 61,9% contra 38,1% do 'sim'. O referendo obrigatório, em que participou cerca de 70% da população, originou uma forte afluência às urnas, com longas filas nos postos de voto.

O 'não' venceu em todas as 16 regiões do país, incluindo a que alberga a capital e a região costeira de Valparaíso, tendo mesmo obtido mais de 70% em várias regiões do centro-sul do Chile. O 'sim' só venceu entre as comunidades chilenas no estrangeiro.

"Hoje estamos a consolidar uma grande maioria de chilenos que viram a rejeição como um caminho de esperança", disse Carlos Salinas, porta-voz da campanha contra a nova Constituição.

"Queremos dizer ao governo do Presidente Gabriel Boric (...) que hoje deve ser o presidente de todos os chilenos e juntos temos que seguir em frente," acrescentou Salinas.

"Os chilenos exigiram uma nova oportunidade de nos encontrarmos e temos de estar à altura desta chamada", sublinhou Boric.

Ainda antes do referendo, o Presidente já tinha anunciado que iria convocar um novo processo constitucional e que seria cumprido o mandato do referendo de outubro de 2020, no qual quase 80% dos chilenos pediram uma mudança constitucional.

Os porta-vozes da campanha a favor da nova Constituição já reconheceram a derrota, mas também se comprometeram a continuar a trabalhar na reforma constitucional, defendendo que a população quer abandonar o texto atual, herdada da ditadura (1973-1990).

"Foi um dia histórico que valorizamos muito porque fortalece a nossa democracia. Os cidadãos decidiram rejeitar o texto proposto pela convenção constitucional (...) reconhecemos o resultado e ouvimos com humildade", disse Vlado Mirosevic.

Outra porta-voz, Karol Cariola, deputada do Partido Comunista, garantiu empenho "em gerar as condições necessárias para canalizar efetivamente a vontade popular e construir um caminho" para uma nova Constituição.

Leia Também: Chile. Normalidade e afluência às urnas nas primeiras horas do referendo

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