"Estamos naturalmente a par dessas declarações. Estas declarações hostis por parte da liderança política turca contra a Grécia e o povo grego são fonte de preocupação, suscitam preocupações muito sérias", assumiu o porta-voz do executivo comunitário para a Política Externa, quando questionado hoje sobre as ameaças proferidas no sábado por Erdogan.

O Presidente turco ameaçou a Grécia com uma ação militar "repentina" se persistir naquilo que considera ser uma atitude de confronto no mar Egeu, isto depois de Ancara alegar que, no fim de semana anterior, aviões turcos numa missão na região tinham sido alvo do sistema de defesa aérea S-300 da Grécia, denunciando uma "ação hostil".

Peter Stano, porta-voz da Comissão e do Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Segurança, sublinhou hoje que "a posição da UE tem sido e continua a ser muito clara: a Turquia deve abster-se de retóricas que conduzem à escalada [de tensões] e empenhar-se em promover boas relações de vizinhança, não o oposto".

O porta-voz acrescentou que, relativamente às relações específicas com a Grécia, "quaisquer questões em aberto devem ser abordadas de uma maneira pacífica, através do diálogo, de boa fé, em respeito pelo direito internacional e de acordo com o princípio de boas relações de vizinhança",

"A Grécia é Estado-membro da UE, e a soberania e a integridade dos Estados-membros da UE têm de ser respeitados", concluiu.

No sábado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Grécia já anunciara que iria informar a NATO sobre as ameaças turcas "escandalosas" dos últimos dias, alegando que "minam a coesão" da Aliança Atlântica num "período especialmente perigoso".

O ministério grego adiantou que o país não se envolverá em declarações "escandalosas" e "ameaças diárias" com a Turquia, mas assegurou que vai "informar imediatamente" a NATO sobre as posições turcas "para que fique claro quem mina a coesão da aliança".

Embora a Grécia e a Turquia formem a ala oriental da NATO, passaram décadas numa disputa sobre a delimitação das zonas marítimas no Mar Egeu e no Mediterrâneo oriental, enquanto os militares gregos e turcos se desafiam regularmente numa disputa sobre as fronteiras do espaço aéreo.

O último episódio de tensão ocorreu a 27 de agosto passado, quando, segundo Ancara, o exército grego apontou mísseis antiaéreos a dois dos seus caças, que voavam entre as ilhas de Creta e Rodes.

O porta-voz do governo grego, Yannis Ikonomu, classificou a acusação turca de "totalmente falsa" e de "propaganda", alegando que o aumento da tensão por parte da Turquia nos últimos dias se deve, principalmente, à "situação interna" que este país está a viver.

Leia Também: Rússia condena ataque à embaixada em Cabul e exige julgamento