Além de ser uma questão moral, "é também uma questão de segurança elementar" porque "a Rússia tem repetidamente enviado assassinos para a Europa, disfarçados de turistas comuns", realçou Zelensky, durante a sua habitual mensagem diária noturna dirigida à nação.
"Já admiraram bastante o pináculo de Salisbury [Inglaterra], as ruas alemãs e os armazéns com armas na República Checa. Chega. A Europa não é um lugar de passeio para assassinos e aqueles que os apoiam", acrescentou o chefe de Estado ucraniano.
A Comissão Europeia propôs esta terça-feira a suspensão do acordo de facilitação de vistos entre a União Europeia (UE) e a Rússia, na sequência do acordo político alcançado pelos chefes da diplomacia dos 27 no final de agosto.
A suspensão do acordo, que vigorava desde 2007, significa que os cidadãos russos deixarão de gozar de facilidades quando solicitarem um visto de curta duração para o espaço Schengen de livre circulação, passando a ser aplicadas as regras gerais do código de vistos.
Paralelamente, a Comissão Europeia propôs também esta terça-feira uma abordagem comum da UE para o não reconhecimento de passaportes russos emitidos em regiões estrangeiras ocupadas, uma vez que a Rússia estende atualmente a prática de emitir passaportes russos comuns a zonas em território ucraniano sob seu controlo, em particular as regiões de Kherson e Zaporijia (no sul da Ucrânia).
Embora a decisão de Bruxelas seja "um passo importante", Zelensky destacou que esta "não é uma proibição total de vistos", mas "mostra aos cidadãos do Estado terrorista que têm alguma responsabilidade moral pela agressão contra a Ucrânia e toda a Europa".
"Agradeço à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a todos os líderes europeus que apoiam as restrições de vistos para cidadãos russos", acrescentou o governante ucraniano.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou hoje no seu 195.º dia, 5.718 civis mortos e 8.199 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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