Em conferência de imprensa, o presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Rui Semedo, começou por constatar que os cabo-verdianos passam por uma "grave situação", em virtude do aumento do custo de vida provocado pela subida dos preços.
Neste sentido, pediu uma "resposta adequada" do Governo, já que as medidas anunciadas pelo executivo não foram implementadas e estão longe de ter os impactos necessários nas vidas das pessoas e das famílias, considerou.
"No mundo inteiro, os Governos estão a rever e a ajustar as políticas de solidariedade para criar ou reforçar as almofadas para suportar a crise e contribuir para que as pessoas vivam com dignidade", mostrou o líder partidário, criticando o "profundo silêncio" do Governo cabo-verdiano.
"A população cabo-verdiana já aguentou e já suportou tudo que podia suportar e é chegada a hora de o Governo responder com outras medidas para livrar o povo dos profundos impactos desta situação", insistiu Rui Semedo.
Mesmo com a queda das chuvas em todo o arquipélago, o maior partido da oposição considerou que os agricultores precisam de "um verdadeiro apoio" do Estado para aproveitar, de melhor forma, este período pluvioso e garantir uma boa faina agrícola e aumentar o seu rendimento.
"O Governo tem anunciado a mobilização de avultados recursos de países e organizações e espera-se que parte desses recursos cheguem às famílias que precisam de um Estado Social amigo e solidário para poderem levar a panela ao lume e alimentar os filhos", pediu.
Constatando que o país tem registado aumento de receitas e impostos, Rui Semedo criticou o Governo pelo aumento das despesas com viagens e diminuição das transferências para os municípios.
"Com tudo isso, queremos desafiar o Governo a seguir as boas práticas que se registam no mundo para encetar medidas com vista a melhoras o poder aquisitivo das pessoas", persistiu o líder partidário.
Quando falta pouco mais de uma semana para o início das aulas, o presidente do PAICV propôs, entre outras medidas, a assunção plena por parte do Governo dos custos dos transportes escolares, a distribuição gratuita dos manuais escolares, mesmo que sejam a título devolutivo, no fim do ano letivo, o reforço do cabaz dos pais e apoios especiais e extraordinários à formação superior.
Melhorar a poder de compra das pessoas, pensar na juventude, no emprego jovem, no acesso ao primeiro emprego e nas facilidades de gerar alternativas são outras medidas propostas.
"Não podemos continuar no mesmo caminho que, a olhos vistos, está a comprometer uma geração inteira com impactos imprevisíveis na sustentabilidade deste país", prosseguiu Semedo, para quem não vale a pena pedir aos jovens para não emigrarem - como fez esta semana o primeiro-ministro, Ulisses Correia da Silva - sem que sejam criadas as condições e alternativas para continuarem a acreditar no futuro das ilhas.
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