Papa condena "crueldade" de ataque que matou sete crianças palestinianas

O Papa Francisco condenou hoje a "crueldade" de um ataque aéreo israelita em Gaza que causou a morte de sete crianças da mesma família palestiniana, denunciada na sexta-feira pela Defesa Civil da Faixa de Gaza.

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Lusa
21/12/2024 11:26 ‧ há 3 horas por Lusa

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"Ontem [sexta-feira], bombardearam crianças. Isto é uma crueldade, não é uma guerra. Quero dizer isto porque me toca o coração", disse o pontífice católico aos membros do Governo da Santa Sé durante a audiência de saudação de Natal à Cúria Romana.

 

Francisco denunciou ainda que as autoridades israelitas negaram o acesso a Gaza ao Patriarca Latino de Jerusalém, o Cardeal Pierbattista Pizzaballa.

"Ontem [sexta-feira] não deixaram o Patriarca entrar em Gaza, como tinham prometido", disse o pontífice, referindo-se a Pizzaballa, perante os cardeais e outros religiosos presentes na audiência.

O Papa é informado sobre a situação em Gaza através de telefonemas que faz para a paróquia da Sagrada Família, a única igreja católica na Faixa de Gaza.

Mahmoud Bassal, porta-voz da Defesa Civil da Faixa de Gaza, disse à AFP na sexta-feira que o ataque foi "um massacre da ocupação (israelita)" que "martirizou dez membros da família Khalla, que foram alvo de um ataque aéreo à sua casa em Jabalia", perto da cidade de Gaza.

Todos os mortos "pertenciam à mesma família, incluindo sete crianças, a mais velha com seis anos de idade", disse, acrescentando que 15 pessoas ficaram feridas.

Contactado pela AFP, o exército israelita declarou que o número de mortos comunicado pela Defesa Civil em Gaza "não corresponde às informações de que dispõe".

As forças israelitas "atingiram vários terroristas que operavam numa estrutura militar" do movimento islamita palestiniano Hamas e "representavam uma ameaça", declarou.

O Papa Francisco, com 88 anos, tem apelado à paz desde o ataque sem precedentes do Hamas a Israel, em 07 de outubro de 2023, e da campanha de retaliação israelita em Gaza. Nas últimas semanas reforçou a sua posição contra a ofensiva israelita.

No final de novembro afirmou que "a arrogância do invasor (...) prevalece sobre o diálogo" na Palestina, uma posição rara que contrasta com a tradição de neutralidade da Santa Sé.

Em extratos de um livro a publicar em breve, divulgados em novembro, Francisco apelou a um estudo "meticuloso" para determinar se a situação em Gaza "corresponde à definição técnica" de genocídio, uma acusação firmemente rejeitada por Israel.

A Santa Sé apoia a chamada solução dos dois Estados, israelita e palestiniano, e reconhece desde 2013 o Estado da Palestina, com o qual mantém relações diplomáticas.

A guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas a Israel, em 07 de outubro de 2023, já causou a morte de 1.208 pessoas do lado israelita, a maioria das quais civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelitas e incluindo reféns que morreram ou foram mortos em cativeiro na Faixa de Gaza.

Mais de 45.000 palestinianos foram mortos na campanha militar de retaliação de Israel em Gaza, a maioria dos quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Governo do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.

Leia Também: Papa nomeia José Miguel Pereira bispo da Diocese da Guarda

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