O chanceler alemão, Olaf Scholz, visitou, este sábado a cidade de Magdeburgo, palco de um ataque mortal na noite de sexta-feira, para prestar homenagem às vítimas.
"Recebi homenagens a nível internacional e, enquanto Alemanha, não estamos sós. A minha simpatia e solidariedade vão para todos os familiares das vítimas e para a cidade de Magdeburgo que está de luto", afirmou, depois de visitar o mercado de Natal onde ocorreu o ataque.
Scholz qualificou ainda o ataque como um "ato terrível e insano", num local tão pacífico e alegre como é um mercado de Natal. "Que ato terrível é ferir e matar tantas pessoas com tanta brutalidade", lamentou, prometendo "medidas contra aqueles que querem semear o ódio".
"É importante, enquanto país, que nos mantenhamos unidos, que nos mantenhamos unidos e que falemos uns com os outros", afirmou o chanceler.
Vestido de presto, Scholz faz-se acompanhar do primeiro-ministro da Saxônia-Anhalt, Reiner Haseloff, da ministra do Interior, Nancy Faeser, da ministra do Ambiente, Steffi Lemke, e do ministro dos Transportes, Volker Wissing.
Nesta visita, Reiner Haseloff confirmou que o número de vítimas mortais subiu para cinco. "Houve cinco vítimas mortais e mais de 200 feridos, muitos deles graves", disse.
Olaf Scholz demonstrou "muita preocupação" por quase "40 pessoas feridas com tanta gravidade" e agradeceu também aos serviços de emergência e à polícia que detiveram o presumível autor do ataque, um médico de 50 anos, da Arábia Saudita, que exercia a sua atividade numa pequena cidade não muito longe de Magdeburgo.
Recorde-se que o ataque aconteceu por volta das 19h00 locais (18h00 em Lisboa), de sexta-feira, e o suspeito, que seguia ao volante de um BMW preto e que avançou contra a multidão, foi detido no local, quando tentava fazer marcha-atrás. As autoridades já tinha indicado que, "à luz dos factos conhecidos, o suspeito é o único autor do crime".
O suspeito não era conhecido pelas suas simpatias pelo movimento jihadista e, pelo contrário, o seu perfil mostra-o como apoiante do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ou de Elon Musk.
"Agora é importante esclarecer as coisas. E que isso seja feito de forma precisa e exata", disse Olaf Scholz.
"Temos de perceber exatamente quem é o autor do crime, o que fez e porquê, para podermos reagir com as necessárias consequências penais. E é isso que vamos fazer", prometeu.
Taleb A. chegou à Alemanha em 2006, como estudante, e obteve asilo em julho de 2016, depois de ter sido ameaçado de morte por se ter afastado do Islão.
Viveu e trabalhou como psiquiatra em Bernburg, uma pequena cidade de 32.000 habitantes, na margem do rio Saale, entre Magdeburg e Halle.
Como ativista, informava e aconselhava mulheres sauditas sobre as possibilidades de fugirem do seu país, e tinha uma página na 'internet' com informações sobre o sistema alemão de asilo.
Numa entrevista concedida ao Frankfurter Rundschau, em 2009, afirmou que muitas mulheres sauditas o procuraram, em busca de proteção, depois de terem sido violadas pelo homem de quem dependiam.
Nessa entrevista, afirmou que o sistema de asilo alemão era um caminho para a liberdade destas mulheres.
A partir de certa altura, o distanciamento em relação ao Islão transformou-se numa rejeição aberta da política migratória alemã.
Em novembro, publicou na sua conta na rede social X (antigo Twitter) uma mensagem com "quatro exigências da oposição saudita" e afirmou que a Alemanha tinha que proteger as suas fronteiras da migração ilegal.
Em seguida, acusou Merkel de ter um plano para islamizar a Europa com a sua política de fronteiras abertas.
Em outras publicações nas redes sociais, mostrou simpatia pela AfD, porque disse que era o único partido que lutava contra o Islão na Alemanha.
Taleb A. queria fundar, juntamente com a AfD, uma academia para ex-muçulmanos na Alemanha, de acordo com a Der Spiegel.
Há apenas uma semana, foi difundida uma entrevista sua, num blogue islamófobo dos Estados Unidos, na qual afirmava que o Estado alemão tinha uma operação secreta para perseguir ex-muçulmanos sauditas em todo o mundo e, ao mesmo tempo, concedia asilo a 'jihadistas' sírios.
Numa outra mensagem no X, que foi posteriormente apagada, anunciou vingança, segundo o diário Die Welt.
De acordo com o jornal local Magdeburger Zeitung, Taleb A esteve ausente do trabalho nas últimas semanas, devido a uma baixa médica.
[Notícia atualizada às 13h15]
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