Cartum acusa Emirados Árabes Unidos de "cumplicidade no crime de genocídio"

O Sudão apresentou uma queixa contra os Emirados Árabes Unidos no Tribunal Internacional de Justiça, alegando cumplicidade deste país no crime de genocídio devido ao alegado apoio às paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).

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© Osman Bakir/Anadolu via Getty Images

Lusa
06/03/2025 19:20 ‧ há 3 horas por Lusa

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Sudão

Cartum afirma que os Emirados Árabes Unidos são "cúmplices do genocídio dos Massalitas (uma comunidade no Sudão) devido às suas diretivas e ao seu considerável apoio financeiro, político e militar à milícia rebelde FSR", indicou hoje o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) em comunicado.

 

Os Emirados Árabes Unidos, que negam reiteradamente que prestem apoio às RSF, reagiram à apresentação da queixa, classificando-a de um "cínico golpe publicitário".

"Este recente pedido (...) não passa de uma cínica manobra publicitária destinada a desviar as atenções", declarou hoje um responsável dos Emirados num comunicado enviado à AFP.

"Os Emirados Árabes Unidos vão pedir a rejeição imediata deste pedido infundado", acrescentou a fonte citada pela agência noticiosa francesa.

As autoridades sudanesas ligam os Emirados aos crimes desde, pelo menos, 2023, ano do início da guerra civil sudanesa na luta pelo poder entre o exército e as RSF.

As autoridades sudanesas pedem ao TIJ medidas provisórias até à análise completa do processo.

Desde o início do conflito, o exército sudanês divulgou provas que tentam mostrar as alegadas ligações dos Emirados com as RSF, alegando também a conivência do Chade, país com o qual a região do Darfur faz fronteira.

No comunicado divulgado hoje, o Tribunal Internacional de Justiça declarou que o caso do Sudão, apresentado na quarta-feira, diz respeito a atos alegadamente perpetrados pelas Forças de Apoio Rápido e milícias aliadas, incluindo "genocídio, assassínio, roubo de bens, violação, deslocação forçada, invasão, vandalismo de propriedades públicas e violação dos direitos humanos" contra o povo Massalit.

A guerra civil sudanesa iniciou-se em 15 de abril de 2023 e opõe as forças armadas governamentais às RSF.

As duas partes beligerantes são acusadas de crimes de guerra, num conflito que, segundo a ONU, já provocou a morte de mais de 24 mil pessoas e expulsou mais de 14 milhões de pessoas - cerca de 30% da população - das suas áreas de residência.

As Nações Unidas classificam a situação no Sudão como sendo a mais grave tragédia humanitária contemporânea, com cerca de 3,2 milhões de sudaneses a procurarem refúgio nos países vizinhos.

Leia Também: Sudão. ONU denuncia "condições desumanas" de detenção e "tortura"

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