Macron dirige-se aos franceses: "Estamos a entrar numa nova era"

O presidente francês fez um discurso à Nação e destacou que, "perante este mundo perigoso, permanecer um espetador seria uma loucura".

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© LUDOVIC MARIN/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
05/03/2025 20:26 ‧ há 10 horas por Notícias ao Minuto com Lusa

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França

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou esta quarta-feira que a Europa está a "entrar numa nova era" com a guerra na Ucrânia e a ameaça dos Estados Unidos em impor taxas alfandegárias e defendeu que, "perante este mundo perigoso, permanecer como espetador seria uma loucura".

 

"Estou a falar-vos esta noite por causa da situação internacional", começou por afirmar o presidente francês num discurso à Nação. 

"Vocês estão preocupados com razão, tendo em conta os eventos históricos que estão a decorrer. Os Estados Unidos da América mudaram a sua posição sobre a guerra na Ucrânia e os mesmos Estados Unidos da América pretendem impor taxas alfandegárias à Europa", continuou, citado pela imprensa francesa. "Estamos a entrar numa nova era".

No seu discurso, o presidente francês lembrou que a Europa decidiu, "desde o primeiro dia", "apoiar a Ucrânia e sancionar a Rússia", e acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de tornar a invasão num "conflito mundial".

"A Rússia do presidente Putin viola as nossas fronteiras para assassinar oponentes, manipula eleições na Roménia e na Moldova e organiza ataques digitais contra os nossos hospitais para bloquear as suas operações", acusou.

Emmanuel Macron defendeu ainda que não se pode "acreditar que a Rússia vai parar na Ucrânia" e, "perante este mundo perigoso, permanecer um espetador seria uma loucura".

"A Rússia tornou-se uma ameaça para a França e para a Europa", atirou, defendendo que "o caminho para a paz não pode seguir sem a Ucrânia".

Sublinhando a necessidade de "trabalhar com aliados europeus", o presidente francês anunciou que para a semana será realizada, em Paris, uma reunião com os chefes de Estado-Maior dos países europeus que "querem participar nesta paz duradoura".

"Quer a paz na Ucrânia seja alcançada rapidamente ou não, os países europeus devem ser capazes de se defender melhor ou dissuadir qualquer nova ação", disse Macron, destacando a necessidade de "aumentar a defesa". 

"Continuamos ligados à NATO, mas precisamos de fortalecer a nossa independência. O futuro da Europa não deve ser decidido em Washington ou Moscovo", atirou.

O presidente francês anunciou também quer "abrir o debate estratégico" sobre a proteção da Europa pelas armas nucleares francesas com os aliados dispostos a garantir a paz futura na Ucrânia e a proteção do continente europeu.

"Respondendo ao apelo histórico do futuro chanceler alemão [Friedrich Merz], decidi abrir o debate estratégico sobre a proteção dos nossos aliados no continente europeu pela nossa capacidade de dissuasão", declarou o Presidente francês num discurso transmitido pela televisão francesa.

A França é a única potência nuclear da União Europeia (UE) e o chefe de Estado francês afirmou recentemente estar pronto para um "diálogo estratégico" para que os países europeus deixem de estar dependentes da dissuasão norte-americana para fazer face às ameaças da Rússia, que continua a apostar no rearmamento, e proteger o continente europeu, que lida desde fevereiro de 2022 com a invasão russa na Ucrânia.

"A França tem um estatuto especial" na defesa europeia, disse Macron, garantindo que "aconteça o que acontecer, a decisão sempre esteve e continuará a estar nas mãos do Presidente da República, o chefe das forças armadas" francês no que respeita ao desarmamento nuclear.

Além disso, Macron anunciou "investimentos adicionais" na defesa europeia sem aumentar os impostos, um dia antes da cimeira extraordinária dos líderes da UE em Bruxelas, onde serão dados "passos decisivos" segundo Macron, reiterando que "serão tomadas várias decisões".

"Os Estados-Membros poderão aumentar as suas despesas militares sem que isso seja tido em conta no seu défice", acrescentou.

Emmanuel Macron disse que espera ainda "convencer" o presidente dos Estados Unidos a abandonar os direitos aduaneiros sobre os produtos europeus importados, já que Donald Trump quer impor sobretaxas de 25% de taxas alfandegárias, o que, para o Presidente francês, é "incompreensível".

O presidente francês terminou o seu discurso à Nação com um apelo à união pela causa nacional: "A Nação francesa precisa de vós. As decisões políticas, o equipamento militar, são apenas uma parte do puzzle. Mas isso nunca acontecerá sem solidariedade. A nossa geração não poderá viver apenas dos dividendos da paz. Cabe-nos a nós lançar as sementes para o futuro", concluiu.

[Notícia atualizada às 21h04]

Leia Também: Palácio do Eliseu desmente possível ida de Macron e Starmer aos EUA

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