A mensagem está num artigo divulgado hoje pela revista Qiushi, a principal publicação do PCC, baseado num discurso interno para os quadros do partido, feito em 2018, no qual Xi reviu os sucessos do passado, mas também fez advertências severas, pedindo aos funcionários que mantenham o "espírito revolucionário" e estejam sempre prontos para autorreflexão e autocorreção.
Sem esse exercício, "mesmo o regime mais poderoso" entraria em colapso, advertiu Xi, observando que a queda repentina, na década de 1990, da União Soviética e do bloco comunista, levou a um período de dificuldades sem precedentes para o movimento socialista global.
Muitos países em desenvolvimento abandonaram o caminho socialista para copiarem o modelo ocidental, disse Xi.
"Hoje, existem cerca de 130 partidos socialistas ou comunistas ativos em 100 países. Muitos países em desenvolvimento olham para a China com inveja e querem aprender sobre a nossa experiência de governação", considerou.
"O socialismo com características chinesas tornou-se o porta-estandarte do desenvolvimento socialista do século XXI", acrescentou.
O líder chinês disse que os quadros do PCC têm a "responsabilidade, capacidade e confiança para realizar contribuições históricas para o progresso do socialismo científico".
Declarou que a chave para o sucesso da China foi a determinação do país em traçar o seu próprio curso e não seguir os modelos de governação de outros.
Xi defendeu que esse espírito "revolucionário" deve ser mantido, e que a China deve estar confiante e determinada em seguir o seu próprio caminho.
"O sucesso da China prova que o socialismo não está morto, mas que está a prosperar", considerou.
Alertou os membros do PCC para que não considerem o sucesso como garantido, e disse que levará ainda muito tempo para a China alcançar o seu "rejuvenescimento".
"Durante esse longo período, como podemos garantir que o Partido Comunista não entra em colapso e que o nosso sistema político mantém o seu vigor", questionou. "Esse é o grande desafio".
"A União Soviética foi tão poderosa, e hoje é apenas uma memória longínqua", lembrou.
Constitucionalmente, a China define-se como "um estado socialista liderado pela classe trabalhadora e baseado na aliança operário-camponesa". O marxismo-leninismo continua a ser "um princípio cardial" do PCC.
Contudo, após a morte do fundador da República Popular da China, Mao Zedong, o desenvolvimento económico - e não o "aprofundamento da luta de classes" -- tornou-se a "tarefa central". A pobre e isolada China, que vivia até então num universo à parte, mergulhada em constantes "campanhas políticas", converteu-se em 40 anos numa potência capaz de disputar a liderança global com os Estados Unidos.
A "liderança coletiva" foi também cimentada pelos líderes chineses e um limite de dois mandatos presidenciais foi incluído na Constituição do país, visando evitar os perigos do poder absoluto, após as políticas desastrosas que marcaram o maoismo.
Desde que ascendeu ao poder, no entanto, Xi Jinping reverteu várias dessas reformas políticas e é hoje o núcleo da política chinesa. Sob a sua liderança, o PCC voltou a assumir o controlo absoluto sobre a sociedade, ensino ou economia.
Em outubro, deverá voltar a quebrar com a tradição política das últimas décadas, ao obter um terceiro mandato como secretário-geral do PCC, no 20º Congresso do Partido.
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