"Depois de quase três anos de audiência onde foram recolhidas múltiplas provas, ficou demonstrado que o que foi dito em 2016 e até antes carecia de veracidade e que as provas recolhidas destroem qualquer tipo de acusação, naturalmente falsa e sem fundamento", alegou um dos advogados da vice-presidente, Carlos Beraldi.
"Apesar disso, durante nove dias ouvimos" do Ministério Público "uma alegação onde, esquecendo tudo o que foi fundamentado neste julgamento, reproduziu as mesmas acusações formuladas desde 2008 e 2016", frisou Beraldi.
A Procuradoria do Ministério Público argentino terminou as suas alegações em 22 de agosto com um pedido de 12 anos de prisão para Cristina Fernández e o seu impedimento de desempenho de cargos públicos pelos alegados delitos de associação ilícita e administração fraudulenta durante os seus dois mandatos como presidente.
O advogado acrescentou que foram ouvidas "coisas insólitas" reportadas pelos meios de comunicação no sentido de que as provas da Procuradoria eram "conclusivas" e frisou que "nunca tinha ouvido tal disparate".
Fernández tinha antecipado, no domingo, o início da sua defesa técnica pedindo aos seus seguidores no Twitter para ouvirem "com atenção como se desmascara a farsa elaborada pelos procuradores [Diego] Lucani e [Sergio] Mola" e questionou, ironicamente, se os diários Clarín e La Nación a iria transmitir.
Em 23 de agosto já tinha emitido um discurso, através das redes sociais, onde afirmava que este processo, iniciado em maio de 2019, era "um julgamento ao Peronismo e aos governos nacionais e populares".
Fernández acusou os procuradores de adotarem o "guião" dos meios de comunicação afetos à atual oposição política, afirmou que a sentença "já estaria escrita" contra si e voltou a denunciar um "lawfare" (perseguição judicial).
A argumentação da defesa da vice-presidente decorre no meio do impacto gerado pelo ataque sofrido pela antiga chefe de Estado em 01 de setembro, ao qual escapou ilesa e pelo qual duas pessoas estão acusadas e outras duas estão detidas.
O ataque ocorreu nas imediações da casa da vice-presidente, no bairro da Recoleta, em Buenos Aires, durante uma das manifestações que têm sido promovidas pelos seus apoiantes desde que o Ministério Público pediu a condenação da antiga presidente.
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