"Referendos fictícios" da Rússia em regiões ocupadas são "inaceitáveis"

O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou hoje que "os referendos fictícios" que a Rússia pretende organizar em várias regiões ucranianas ocupadas são inaceitáveis.

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Lusa
20/09/2022 17:05 ‧ 20/09/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

 

"Claramente que esses referendos simulados [na região de Donbass e outras sob ocupação russa na Ucrânia] não são aceitáveis e não são cobertos pela lei internacional", disse Scholz à imprensa à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque.

"Tudo isto é apenas uma tentativa de agressão imperialista", acrescentou o chanceler, pedindo à Rússia que retire as suas tropas das regiões ocupadas.

Os territórios separatistas pró-russos da região de Donbass, na Ucrânia, vão realizar de 23 a 27 de setembro referendos para decidirem sobre a sua anexação pela Rússia, anunciaram hoje as autoridades locais.

Os escrutínios terão lugar nas regiões de Donetsk e Lugansk, cuja independência o Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu pouco antes de lançar a sua ofensiva militar contra a Ucrânia, a 24 de fevereiro.

Respondendo aos apelos das autoridades pró-russas no Donbass, também representantes de um órgão consultivo pró-russo na região de Zaporijia, apenas parcialmente controlada pelas tropas russas, juntaram-se hoje aos seus colegas de Lugansk, Donetsk e Kherson, pedindo a realização imediata de um referendo sobre a sua adesão à Rússia.

"Nós, os participantes da Câmara Pública de Cidadãos da região de Zaporijia, apelamos ao chefe da administração regional provisória (instalada pela Rússia), Yevgeny Balitsky, para organizar imediatamente um referendo sobre a questão da união da nossa região com a Federação Russa", refere o apelo recolhido pela agência Interfax.

"As condições ideais de segurança não existem. Quanto mais cedo fizermos parte da Rússia, mais cedo teremos paz", disse Vladimir Rogov, presidente da associação pública local.

No dia anterior, as câmaras públicas das autoproclamadas Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk apelaram aos líderes das duas províncias separatistas para que realizassem imediatamente referendos sobre a adesão à Rússia, após o qual hoje a região de Kherson e depois Zaporijia se lhe juntaram.

Estes referendos, com o modelo daquele que formalizou a anexação da península ucraniana da Crimeia (sul) pela Rússia em 2014, denunciados pela comunidade internacional, têm estado a ser preparados há vários meses.

Nenhuma das regiões é totalmente controlada pela Rússia e a hipótese da sua integração na Rússia representaria uma grande escalada no conflito, que dura há quase sete meses.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Referendos pró-russos? "A ameaça só pode ser eliminada pela força"

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