As informações foram avançadas pelo ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, em conferência de imprensa conjunta na cidade da Praia, para fazer o balanço das medidas de mitigação adotadas pelo Governo no setor agroalimentar, revelando que o apoio do PAM foi de 1,5 milhões de dólares (aproximadamente o mesmo valor em euros), para o fornecimento de géneros alimentícios.
Segundo a mesma fonte, alguns desses produtos já chegaram ao país e nos próximos dias as duas partes vão assinar um memorando de entendimento para distribuição nas escolas.
O PAM deixou de apoiar as cantinas escolares de Cabo Verde em 2010, depois de mais de 30 anos, mas o programa das Nações Unidas regressa ao país para apoiar com géneros alimentícios e ajudar a mobilizar recursos para enfrentar as crises.
Desde março que o país está a fazer face aos efeitos da guerra na Ucrânia e tomou várias medidas de mitigação no setor agroalimentar, entre elas o reforço do programa de alimentação escolar durante as férias.
O programa permitiu o acesso a uma refeição quente diariamente e/ou uma cesta básica para crianças em idade escolar, em vários municípios do país, e foram beneficiadas 8.369 crianças, correspondendo a 12% do total dos alunos das escolas do ensino básico (do 1.º ao 8.º ano).
"Com impacto na segurança alimentar e nutricional das nossas crianças", salientou o ministro, referindo que com o início das aulas na segunda-feira todos os alunos vão continuar a ter esse apoio.
No setor agroalimentar, o Governo tomou outras medidas, como o aumento do 'stock' de cereais a granel - milho -- que passou de 14 mil toneladas para 31 mil toneladas, a bonificação em 30% sobre o preço da ração para monogástricos, a abertura de trabalho público, assistência alimentar às famílias e estabilização da atividade pecuária.
O ministro disse que o Governo vai manter as medidas e vai reformular as suas ações tomadas para mitigar os efeitos da guerra na Ucrânia, nomeadamente nas cantinas escolares e depois da avaliação do ano agrícola que está com "bom andamento".
Em 20 de junho, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, declarou a situação de emergência social e económica no país devido aos impactos da guerra na Ucrânia, anunciando mais medidas de mitigação.
Um dos objetivos com a declaração da situação de emergência é mobilizar 8,8 mil milhões de escudos (80 milhões de euros) até ao final deste ano junto de parceiros internacionais para implementar as medidas de mitigação dos efeitos das crises alimentar e energética.
O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças cabo-verdiano, Olavo Correia, revelou também durante a conferência de imprensa que o Governo já mobilizou metade desse valor junto de parceiros internacionais e não descartou a possibilidade de vir a tomar novas medidas e conseguir mais recursos, em função da evolução do quatro nacional e internacional.
O país vive ainda uma profunda crise económica, após uma recessão de quase 15% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, face à ausência de turismo provocada pela pandemia de covid-19, setor que garante 25% do PIB e do emprego.
O Governo cabo-verdiano admite que a economia possa ter crescido entre 6,5 e 7,5% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e prevê 6% de crescimento em 2022, que foi revisto para 4%, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia.
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