Sobe para 17 o número de mortos em manifestações no Irão

O número de mortos nas manifestações que acontecem há seis dias consecutivos no Irão, devido à morte de uma jovem detida pela polícia, subiu para 17, divulgou hoje a televisão estatal iraniana.

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Lusa
22/09/2022 14:10 ‧ 22/09/2022 por Lusa

Mundo

Irão

"Dezassete pessoas, incluindo manifestantes e polícias, perderam a vida nos eventos dos últimos dias", informou a televisão estatal iraniana, sem indicar o número de manifestantes entre os mortos.

O anterior balanço oficial de mortos, divulgado na manhã de hoje, indicava sete manifestantes e quatro membros das forças de segurança mortos durante os protestos.

Três paramilitares "mobilizados para enfrentar os manifestantes" em Tabriz (noroeste), Qazvin (centro) e Mashhad (nordeste) foram mortos na quarta-feira, segundo as agências de notícias iranianas.

Um membro das forças de segurança também foi morto na terça-feira durante protestos em Shiraz (centro), segundo as mesmas fontes.

As autoridades iranianas negaram qualquer envolvimento das forças de segurança nas mortes dos manifestantes.

Mahsa Amini, de 22 anos e originária do Curdistão (noroeste), foi detida pela polícia da moralidade em 13 de setembro em Teerão, por "vestir roupas inadequadas".

Aquela unidade é responsável por fazer cumprir o rígido código de vestuário no Irão, onde as mulheres devem cobrir os seus cabelos e não é permitido usar roupas curtas ou apertadas, entre outras proibições. A jovem morreu em 16 de setembro no hospital.

Ativistas afirmam que a jovem foi morta com tiros na cabeça, uma alegação negada pelas autoridades, que garantem não ter maltratado a mulher e dizem que Mahsa Amini morreu de ataque cardíaco. Uma investigação foi aberta pelas autoridades iranianas.

As manifestações foram desencadeadas imediatamente após o anúncio da morte da jovem. Desde então, os protestos estão a acontecer em pelo menos quinze cidades, incluindo a cidade sagrada xiita de Qom, a sudoeste de Teerão, local de nascimento do líder supremo iraniano Ali Khamenei.

A Amnistia Internacional (AI) denunciou uma "repressão brutal" e "o uso ilegal de tiros com esferas de aço, gás lacrimogéneo, canhões de água e bastões para dispersar os manifestantes".

Desde o início dos protestos, as ligações à internet foram restringidas e as autoridades bloquearam, posteriormente, o acesso às redes sociais.

O Instagram e o WhatsApp foram os aplicativos mais usados no Irão desde o bloqueio das plataformas Youtube, Facebook, Telegram, Twitter e Tiktok nos últimos anos. Além disso, o acesso à internet é amplamente controlado pelas autoridades.

No sul do Irão, vídeos aparentemente de quarta-feira mostravam manifestantes a queimar um enorme retrato do general Qassem Soleimani, morto por um ataque dos Estados Unidos no Iraque em janeiro de 2020.

Em outras partes do país, manifestantes incendiaram veículos da polícia e gritaram frases antigovernamentais, segundo a agência oficial Irna. A polícia respondeu com gás lacrimogéneo e realizou várias prisões. Outras imagens mostravam manifestantes resistindo à polícia e as imagens mais virais nas redes sociais são aquelas em que se vê mulheres a atear fogo aos seus lenços de cabeça.

A morte de Mahsa Amini provocou uma forte condenação em todo o mundo, já que organizações não-governamentais internacionais denunciaram uma repressão brutal aos protestos. O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na quarta-feira, nas Nações Unidas, estar solidário com as "corajosas mulheres do Irão".

Leia Também: Mahsa Amini. Quatro polícias entre os 11 mortos nos protestos no Irão

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