MNE faz balanço "sombrio" de 77.ª Assembleia-Geral da ONU
O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), João Gomes Cravinho, fez hoje um balanço "sombrio" da 77.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), uma vez que os princípios do multilateralismo foram "violados da forma mais grosseira" pela Rússia.
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"O balanço que faço é um balanço sombrio. Nós tivemos aqui uma Assembleia-Geral ensombrada pelo facto de haver um membro permanente do Conselho de Segurança [Rússia] que violou da forma mais grosseira a Carta das Nações Unidas, que é o documento fundacional e, nesse sentido, põe em causa todos os princípios do multilateralismo, que são fundamentais para a grande maioria dos países nesta comunidade internacional", disse o MNE em Nova Iorque.
De acordo com o ministro, nesta Assembleia-Geral - a primeira desde o início da guerra - reconheceu-se que "os problemas de cada um só podem encontrar solução coletivamente", mas a comunidade internacional está com dificuldades em atuar face à agressão de Moscovo.
"Ao mesmo tempo, há a preocupação de que coletivamente estamos com dificuldade em agir devido a esta atitude da Rússia. É um momento sombrio para a comunidade internacional, mas isso mesmo obriga-nos a reforçar a nossa procura de soluções", afirmou a jornalistas portugueses, neste que é o último dia da sua agenda em Nova Iorque.
João Gomes Cravinho e o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André, acompanharam o primeiro-ministro, António Costa, na deslocação a Nova Iorque, por ocasião da 77.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.
Com uma agenda bastante preenchida em várias frentes, um dos focos do MNE foi apostar na campanha de candidatura de Portugal para uma vaga no Conselho de Segurança, nas eleições agendadas para 2026.
Após encontro com vários países, o líder da diplomacia portuguesa reconheceu o valor dos adversário diretos - Alemanha e Áustria-, mas garantiu que recebeu "indicações muito positivas" em relação ao potencial de Portugal em conseguir um assento de membro não-permanente.
"Faltam ainda quatro anos e há que respeitar os nossos adversários. A Alemanha e a Áustria são países muito respeitados no sistema internacional. Contudo, nas minhas reuniões, também recebi indicações muito positivas que reforçam a minha convicção que Portugal é um país que pode voltar a merecer a confiança da comunidade internacional para estar representado no Conselho de Segurança", disse Cravinho.
"Tive muitos encontros, mas são 190 países [193], portanto, mesmo assim foi apenas - não diria uma gota no oceano - , mas uma pequena amostra. E isso significa que ao longo dos próximos anos iremos continuar o nosso trabalho de diálogo e de auscultação, porque é fundamental não só dizer aquilo que Portugal pode fazer, demonstrar aquilo que são as nossas qualidades, mas também ouvir aquilo que são as sensibilidades", explicou o ministro.
João Gomes Cravinho sustentou que um lugar no Conselho de Segurança significa ter "uma ideia muito apurada daquilo que são as preocupações das mais diversas partes do mundo" e, nesse sentido, teve em Nova Iorque um trabalho não só de promoção da candidatura portuguesa, mas também de "auscultação das preocupações dos outros".
As eleições para o Conselho de Segurança - um dos órgão mais importantes das Nações Unidas, cujo mandato é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional - terão lugar em 2026, para o biénio 2027/2028.
O órgão é composto por cinco membros permanentes (Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e República Popular da China), e dez não-permanentes, que são eleitos para mandatos de dois anos pela Assembleia Geral.
Portugal é candidato a um dos dois lugares de membro não-permanente, atribuído ao grupo da Europa Ocidental e Outros Estados.
A candidatura foi formalizada em janeiro de 2013 e as eleições para o referido mandato realizar-se-ão durante a 81.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2026.
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