Itália. Oxford Economics alerta para "grave" programa da direita

A empresa de consultoria Oxford Economics alertou para o "grave impacto" nas finanças públicas italianas do programa de governo da coligação liderada pela extrema-direita, que todas as sondagens indicam com vencedora das eleições do próximo domingo.

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Lusa
24/09/2022 08:19 ‧ 24/09/2022 por Lusa

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Itália/Eleições

 

Os especialistas não acreditam que o programa seja aplicado na íntegra mas, se assim fosse, "empurraria o défice público para mais de 6% nos próximos cinco anos" e com isso a dívida pública atingiria os "155% do PIB em 2027", referem num documento de análise divulgado esta semana.

Ou seja, apesar do impulso a curto prazo para o crescimento, a implementação das medidas propostas "conduziria a uma reação severa do mercado para as 'yields' (rentabilidade) das obrigações italianas".

Estas seriam as consequências mais graves da aplicação do programa que, do lado das receitas, tem como propostas mais emblemáticas o "imposto fixo", um regime fiscal de taxa única de imposto sobre o rendimento, a redução do imposto sobre as sociedades e um corte nas contribuições sociais pagas pelos empregados.

Do lado das despesas, a coligação insiste na reforma do sistema de pensões, juntamente com o aumento das pensões mínimas, e no aumento do chamado o subsídio mensal recentemente introduzido para famílias com filhos.

"A nossa análise mostra que a sustentabilidade fiscal não é o principal foco" de governos de direita, referem os analistas, apontando estudos anteriores relativos a outros países, que ainda assim acreditam que "as promessas eleitorais da coligação são suscetíveis de ser atenuadas ou abandonadas no processo de governação".

Isto porque, com uma muito elevada dívida pública, a Itália deve evitar uma crise financeira e precisa do apoio do Banco Central Europeu (BCE) em caso de turbulência no mercado financeiro e dificuldades na emissão de divida, aponta a Oxford Economics, referindo ainda que cada partido da coligação tem um programa diferente e as propostas coletivas são nesta fase genéricas.

As últimas sondagens para as eleições de domingo apontam para uma grande vitória da coligação liderada pelo partido de extrema-direita Irmãos de Itália, de Giorgia Meloni, e os seus aliados, Matteo Salvini, líder da Liga, e Silvio Berlusconi, da Força Itália.

Assim, concluem os analistas, é quase certo que o novo governo siga outros países, como a França e a Alemanha, dando mais apoio fiscal para contrariar a crise energética, facilitando os próximos trimestres, já que a economia parece prestes a entrar em recessão, mas "a Itália não tem espaço orçamental para contemplar medidas permanentes de flexibilização fiscal".

Mas a "severidade" das consequências apontadas na análise "sugere que é pouco provável que o programa de direita seja plenamente implementado", acreditam os consultores.

Isto porque "enfraqueceria rapidamente a capacidade do país de angariar fundos nos mercados de capitais" além de excluir Itália do acesso ao Instrumento de Proteção da Transmissão (TPI), aprovado em julho pelo BCE, uma vez que uma das condições é a sustentabilidade fiscal, concluem os analistas.

A Oxford Economics duvida, ainda assim, que um governo da coligação de direita implemente as reformas estruturais necessárias, que tiveram um "início encorajador" com o governo de Mario Draghi, o primeiro-ministro cessante, antigo presidente do Banco Central Europeu, que liderava um governo de unidade nacional desde fevereiro de 2021 e se dimitiu, por falta de apoio no Parlamento, precipitando as eleições que se realizam estes domingo.

Mais de 46 milhões de italianos elegem domingo um novo parlamento, que depois nomeará um novo Governo, com as últimas sondagens a indicarem que o país deverá passar a ser dirigido por uma coligação da extrema-direita com direita.

De acordo com o resultado das últimas sondagens publicadas, em 09 de setembro (a publicação de sondagens só é permitida até duas semanas antes das eleições), o partido de extrema-direita, 'Fratelli d'Italia' ou Irmãos de Itália soma 24 a 25 por cento das intenções de voto, à frente do Partido Democrático, de centro esquerda, que deverá conquistar entre 21 e 22% dos votos.

Nos lugares seguintes deverão ficar o antissistema Movimento 5 Estrelas (13 a 15%) e os partidos de direita e extrema-direita Liga (12%) e Força Itália (8%).

Leia Também: Itália. Letta com visão europeísta e "democrática" no fim da campanha

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