Marco Martins deixou o Brasil com a esposa há pouco mais de 80 dias para viver em Cascais, tem empresas no seu país e já criou outras em território português antes de chegar, enquanto Fábio Latini chegou a Portugal em 2018, deixando no Rio de Janeiro os ginásios que tinha para vender, e hoje dá aulas de jiu jitsu numa garagem arrendada.
Não se conhecem, mas ambos culpam os governos anteriores pela situação atual do Brasil e defendem que só Jair Bolsonaro poderá ser a "salvação" do seu país.
Fábio Latini, aliás, vai mais longe, considerando que Jair Bolsonaro é "o antídoto" necessário contra Luís Inácio Lula da Silva, o antigo chefe de Estado do país, "um ex-presidiário", como faz questão de lhe chamar.
"Você elege um presidente não é para ser um ditador eterno, é para quatro anos. E, como uma doença (...), eu vou tomar o remédio tal, porque a minha doença é essa. A doença que o nosso país tem chama-se petismo [do PT, Partido dos Trabalhadores brasileiro que lidera a coligação que o antigo chefe de Estado brasileiro representa], Lula. Quem é antagonista? Isso é o Bolsonaro", explicou.
Portanto, "o Bolsonaro existe porque existe o Lula", porque "se nunca tivesse existido Lula, não precisava do remédio, do antídoto".
Já Marcos Martins receia que o Brasil, com Lula da Silva se torne "numa Venezuela", Cuba ou Argentina.
Se Lula vencer estas eleições o Brasil "acabou", e a Portugal chegará uma onda de brasileiros que "não vai caber cá", defendeu, por seu lado, o lutador e professor de educação física de 56 anos.
"As pessoas não gostam de Bolsonaro, porque é muito tosco. Ele é muito bruto, ele fala as coisas que ele pensa", admitiu o pequeno empreendedor, mas na sua opinião "isso é uma virtude", porque "é a verdade estampada".
"Tomara que ele seja eleito, vai ficar mais quatro anos", afirmou Fábio, acrescentando que depois dele "pode vir um melhor" candidato. Mas, "enquanto houver um Lula empenhado do lado de lá, tem que botar o Bolsonaro como o homem que fala o que pensa e está e vai para a guerra, para o confronto com o PT", defendeu.
A "destruição económica" do Brasil que o empurrou para Portugal, embora aliada à vontade de conhecer o mundo, considerou que "foi dos governos Lula e Dilma [Roussef], anterior, que acabaram com o país. (...)", reforçou. Porque o atual governo, na sua opinião, já conseguiu melhorar muita coisa e agora "a economia brasileira está indo muito bem".
Marco Martins sempre foi empreendedor e hoje os seus negócios abrangem três segmentos, seguros, consultoria de negócios para pequenas, médias e grandes empresas em diversas áreas, principalmente na inovação tecnológica e planos de negócio e financeiros e formação para líderes de empresas e empreendedores.
"A principal motivação [para emigrar] foi a segurança", mas Portugal representava também uma oportunidade para "expandir negócios" no mercado europeu.
Para o empresário, o que o governo de Bolsonaro tem vindo a fazer é "consertar o estrago que foi deixado nos últimos 20 30 anos" pelos vários governos no Brasil, "de esquerda e direita, de Fernando Henrique [Cardoso], a Lula, e Dilma [Rousseff]", que "não estavam de facto preocupados com a estrutura de um país", adianta..
Agora, "é indubitável, por exemplo, que o governo Lula causou um estrago no país, tanto que levou ele à prisão", disse. E hoje o Brasil tem um dos "homens mais inteligentes", que assegurou ter conhecido, como Ministro da Economia, Paulo Guedes. Por isso, afirmou: "o meu voto vai, com certeza, para o Bolsonaro, não há dúvida".
Ao todo, são 12 os candidatos que disputam as próximas presidenciais no Brasil. Caso nenhum dos candidatos obtenha a maioria de 50% mais u m voto em 02 de outubro, a segunda volta realiza-se com os dois mais votados em 30 do mesmo mês.
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