Com a mobilização militar parcial anunciada pelo presidente russo a focar-se, maioritariamente, no exército russo a combater na Ucrânia, o Ministério da Defesa do Reino Unido veio avisar este domingo que o recrutamento forçado poderá estender-se à Guarda Nacional Russa, ou Rosgvardia.
No relatório diário publicado no Twitter, os serviços secretos britânicos recordam a importância da guarda, que "desempenhou um importante papel, tanto no combate como na segurança periférica na Ucrânia". Atualmente, a Rosgvardia está a "facilitar os referendos de anexação nas áreas ocupadas" do país.
Para o Reino Unido, dadas as dificuldades de recursos humanos da guarda nacional, "há uma possibilidade realista de que a mobilização seja usada para reforçar as unidades da Rosgvardia com mais homens".
Latest Defence Intelligence update on the situation in Ukraine - 25 September 2022
— Ministry of Defence 🇬🇧 (@DefenceHQ) September 25, 2022
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A ideia de mobilizar civis para a Guarda Nacional foi suportada por Aleksandr Khinstein, um "importante nacionalista russo na Duma" (parlamento russo), a 21 de setembro, que apelou a que a mobilização fosse estendida à Rosgvardia.
Nos últimos dias, a guarda russa tem tido mais trabalho para suprimir protestos dentro do país, devido à mobilização anunciada - algo que a Rosgvardia estará habituada a fazer, tendo detido milhares de pessoas nos protestos contra a guerra, assim como nas manifestações em defesa do opositor Alexei Navalny.
"A força foi desenhada para ser usada em papeis de segurança doméstica, para garantir a continuidade do regime de Putin. Estava particularmente mal preparada para a luta intensa que experienciou na Ucrânia", acrescentou o Ministério da Defesa britânico.
A mobilização de civis para a Rosgvardia acaba por ser algo necessária, dada a pressão para "reprimir a crescente dissidência doméstica na Rússia, assim como em tarefas operacionais na Ucrânia".
Segundo o grupo independente OVD-Info, citado pelo The Guardian, já foram detidas mais de 2.000 pessoas pela Rússia por protestarem contra a mobilização militar parcial anunciada por Putin.
A guerra na Ucrânia já fez mais de 5.900 mortos entre a população civil ucraniana, segundo contam os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a organização adverte que o real número de mortos civis poderá ser muito superior, dadas as dificuldades em contabilizar mortos em zonas ocupadas ou sitiadas pelos russos - em Mariupol, por exemplo, estima-se que tenham morrido milhares de pessoas.
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