"Estamos a abordar uma situação considerada impensável. Uma nova realidade", vincou Eugene Rumer, ex-oficial dos serviços de informações para a Rússia e Eurásia no Conselho de Inteligência Nacional (NIC) dos Estados Unidos e diretor do programa Rússia e Eurásia do Carnegie Endowment Endowment for International Peace, que promoveu este debate virtual.
"A ameaça nuclear vai para além do implícito. Não deve ser considerada literalmente mas deve ser levada a sério. Ainda não sabemos quais serão as circunstâncias, é uma situação com a qual estamos a lidar... concordo que por vezes Putin é impulsivo, mas é obvio que entende há muito tempo a natureza da ameaça que emitiu", considerou Rumer, numa referência ao discurso do Presidente russo Vladimir Putin da passada quarta-feira.
O debate promovido por este instituto norte-americano de pesquisa sobre assuntos internacionais, fundado em 1910 e com sede em Washington, centrou-se numa questão crucial e o tema da iniciativa: "Que futuro para a Ucrânia?".
A iniciativa foi moderada por Aaaron David Miller, investigador no Carnegie Endowment na área da política externa dos Estados Unidos, e contou com a participação de dois outros convidados, Kadri Liik, analista política no Conselho Europeu de Relações Externas, com pesquisas focadas na Rússia, Europa de leste e região do Báltico, e Andrew Weiss, vice-presidente para estudos do Carnegie Endowment.
Nas suas declarações, o ex-oficial do NIC também abordou as explosões ocorridas na terça-feira nos submersos gasodutos russos Nord Stream I e Nord Stream II, no mar Báltico, e avançou com uma hipótese.
"As três explosões nos gasodutos russos Nord Stream I e II, posso especular mas vejo-as como um sinal de que Putin está preparado para destruir as suas próprias estruturas que estabeleciam uma ligação com a Europa. E nesta situação, apenas 'pensem no que mais posso fazer'".
Numa referência ao desfecho do atual conflito, na sequência da invasão militar russa da Ucrânia em 24 de fevereiro, Eugene Rume foi perentório.
"A Ucrânia deve ser muito clara na exigência do regresso às fronteiras de 1991, o que significa não apenas os territórios do leste da Ucrânia mas também a Crimeia, para além de reparações de guerra, e julgamento dos perpetradores de crimes de guerra, incluindo Putin, que é claramente um perpetrador".
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