Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão disse ter convocado o embaixador britânico em Teerão, Simon Shercliff, após a decisão de Londres de impor "sanções infundadas contra autoridades iranianas e uma unidade de uma instituição da República Islâmica".
"Teerão expressou ao diplomata britânico [chamado pela terceira vez em duas semanas] um forte protesto pela interferência de Londres nos assuntos internos do Irão", acrescentou a diplomacia iraniana.
Por fim, o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano disse ao embaixador britânico que a República Islâmica do Irão "reserva-se ao direito de adotar contramedidas", mas sem indicar quais.
Depois dos Estados Unidos e do Canadá, o Reino Unido anunciou na segunda-feira sanções contra a polícia da moralidade e autoridades políticas e de segurança do país, acusando-os de reprimir as manifestações que abalam o Irão desde a morte da jovem curda de 22 anos, Mahsa Amini, a 16 de setembro, três dias depois de ter sido detida por uso indevido do véu islâmico.
Londres também decidiu sancionar outros cinco funcionários iranianos, incluindo o comandante em chefe da polícia nacional e o líder da milícia paramilitar Bassij, ligada ao Corpo da Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irão.
Essas personalidades iranianas ficaram proibidas de entrar no Reino Unido e eventuais bens que tenham em território britânico serão congelados.
Segundo o mais recente relatório iraniano, dezenas de pessoas morreram desde 16 de setembro, incluindo 18 membros das forças de segurança. De acordo com a organização não-governamental Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, a número de mortes nos confrontos que entretanto se estenderam a todo o país, é de 185.
As autoridades iranianas, que negam qualquer envolvimento da polícia na morte de Mahsa Amini, já prenderam centenas de manifestantes, descritos como "desordeiros".
Na semana passada, a organização de Medicina Forense do Irão disse que a morte de Amini não se deveu a qualquer "golpe na cabeça ou nos órgãos vitais do corpo", mas sim pela "falência de múltiplos órgãos" decorrente de um problema com origem numa patologia anterior, depois de a polícia ter rejeitado as acusações de tortura.
Por sua vez, o líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, acusou os Estados Unidos e Israel de estarem por trás do que classificou como "motins".
"Digo explicitamente que esses distúrbios e incidentes de segurança foram planeados pelos Estados Unidos e pelo falso e usurpador regime sionista", afirmou Khamenei, aludindo a Israel.
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