PM britânica recusa reduzir despesa pública para compensar cortes fiscais
A primeira-ministra conservadora britânica, Liz Truss, recusou hoje recorrer a cortes na despesa pública para reduzir a dívida agravada pelo plano de crescimento do Governo baseado em redução de impostos.
© Lusa
Mundo Reino Unido
No primeiro debate parlamentar após o "mini-orçamento" de 23 de setembro que agitou os mercados financeiros, Truss respondeu ao líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, que continua "absolutamente" empenhada no compromisso de não cortar o investimento estatal.
"O que vamos assegurar é que, a médio prazo, a dívida vai diminuir. Fá-lo-emos, não reduzindo a despesa pública, mas assegurando-nos de que gastamos bem o dinheiro público", vincou.
Mas Starmer exortou o governo a recuar no "orçamento kamikaze", alegando que é responsável pela subida das taxas de juro dos créditos à habitação.
"A economia está em turbulência, as pessoas estão realmente preocupadas", disse.
O ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, antecipou para 31 de outubro a apresentação da estratégia económica e fiscal do Executivo, acompanhada de previsões oficiais de crescimento e dívida, a fim de tranquilizar os mercados financeiros.
Vários economistas, nomeadamente o centro de estudos Instituto de Estudos Fiscais (Institute for Fiscal Studies, IFS), estão convencidos de que os cortes fiscais terão de ser cancelados ou compensados com reduções na despesa pública para assim equilibrar as finanças do Estado.
As medidas anunciadas em 23 de setembro incluíam um pacote para congelar os preços da energia, mas também outras reduções de impostos, o que resultou na desvalorização da libra e aumento dos juros da dívida soberana.
A instabilidade no mercado obrigacionista a longo prazo levou à intervenção de emergência do Banco de Inglaterra para evitar o colapso de alguns fundos de pensões com grandes investimentos em títulos do Tesouro.
Hoje, a libra caiu novamente depois de o governador do banco central, Andrew Bailey, ter confirmado que o programa de compra de obrigações vai terminar na sexta-feira, como previsto.
"A minha mensagem para os fundos (de pensões) envolvidos - só faltam três dias. Têm de acabar com isto", afirmou Bailey na terça-feira em Washington, onde está a participar na reunião anual do Instituto de Finanças Internacionais.
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