Partidos da oposição britânica culpam Liz Truss e pedem demissão
O líder do Partido Trabalhista britânico considerou hoje que a substituição do ministro das Finanças é insuficiente e defendeu uma mudança de Governo, mas evitou pedir a demissão da primeira-ministra, Liz Truss, como fizeram outros partidos da oposição.
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Mundo Reino Unido
"Mudar o ministro das Finanças não desfaz os estragos causados em Downing Street. A abordagem imprudente de Liz Truss fez cair a economia, provocando o aumento das hipotecas, e prejudicou a imagem do Reino Unido no mundo", criticou Keir Starmer, líder dos trabalhistas, na rede social Twitter.
O líder do principal partido da oposição falava após a demissão hoje de Kwasi Kwarteng, substituído por Jeremy Hunt, e anúncio por Truss que afinal vai aumentar o imposto sobre as empresas de 19% para 25% ao contrário do que tinha sido anunciado em 23 de setembro.
Numa conferência de imprensa, Truss invocou o "interesse nacional" e a necessidade de "estabilidade económica", na sequência da reação dos mercados financeiros ao pacote de cortes fiscais para estimular a economia.
Após uma desvalorização acentuada da libra e aumento das taxas de juro da dívida e do crédito à habitação, o Banco de Inglaterra decidiu intervir com a compra de obrigações devido ao "risco material" para a estabilidade financeira.
"Precisamos de uma mudança no governo. Com a minha liderança, os Trabalhistas irão proteger a economia do Reino Unido e tirar-nos desta confusão", concluiu Starmer.
A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, foi mais longe e instou Truss a "demitir-se" para restaurar a "estabilidade económica" no Reino Unido e permitir a realização de eleições legislativas.
"A melhor coisa que Liz Truss poderia fazer agora pela estabilidade económica é demitir-se. As decisões dela fizeram cair a economia e aumentaram o sofrimento das pessoas que já se debatem com uma crise do custo de vida", afirmou.
O líder do partido Liberal Democrata, Ed Davey, também considera que "Liz Truss arruinou a economia" britânica e que "está na altura de o povo britânico ter uma palavra a dizer sobre estes incompetentes do partido Conservador".
"Precisamos de uma eleição nacional já", vincou.
Do lado dos Conservadores, existe muita frustração com a primeira-ministra, cujo desempenho na conferência de imprensa consideraram insuficiente, segundo reações feitas de forma anónima a meios de comunicação britânicos.
Daqueles que comentaram abertamente, o deputado Bernard Jenkin apelou à calma e à unidade no partido.
"A nomeação de Jeremy Hunt como ministro das Finanças é uma escolha sábia. Ele é de confiança e respeitado em todo o Parlamento. Temos agora de estar calmos. A conversa precipitada de derrubar a PM [primeira-ministra], ou de convocar eleições nacionais não vai acalmar os mercados financeiros", avisou.
O colega Roger Gale também disse que Jeremy Hunt é uma boa escolha porque traz "um par de mãos experientes", mas não deixa de referir que "é difícil compreender porque é que a primeiro-ministra demitiu o seu ministro das Finanças - um bom homem - por promover as políticas com as quais ela foi eleita".
Apoiante de Truss, John Redwood disse à estação Sky News que a líder dos Conservadores deve manter-se em funções porque ela ganhou a eleição há menos de dois meses e "a votação final foi muito claramente a favor".
Segundo excertos de mensagens escritas entre membros do grupo WhatsApp do grupo parlamentar revelados à estação Sky News, o deputado Crispin Blunt sugeriu fazer cair Liz Truss e entregar a liderança aos rivais Rishi Sunak e Penny Mordaunt.
Mas a antiga ministra da Cultura Nadine Dorries respondeu que seria impossível trocar novamente de líder dos 'tories' e colocá-lo à frente do Governo sem eleições legislativas.
"Mais vale entrar numa ditadura [porque] a proposta é a mais pouco democrática que se possa imaginar", ironizou.
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