A desigualdade social, a corrupção e os altos níveis de poluição nas principais cidades da China eram fonte de forte descontentamento social e vistos como ameaças existenciais pelo regime chinês, aquando da ascensão ao poder de Xi.
O número de chineses a viver na pobreza extrema passou de 770 milhões (1978), para 82 milhões (2013) e, depois, para 6 milhões (2019), segundo dados do Banco Mundial, que saudou o ritmo "sem precedentes na História", no alívio da pobreza.
Em 2021, nas vésperas do centenário do Partido Comunista Chinês, Pequim declarou oficialmente ter erradicado a pobreza extrema.
Longe do espetacular desenvolvimento económico que se formou no litoral da China, com mega metrópoles e uma classe média composta por mais de 500 milhões de pessoas, o interior do país asiático permaneceu sobretudo pobre.
Nos últimos anos, residentes rurais idosos receberam doações em dinheiro e o Governo lançou esquemas para fomentar a criação de emprego para quem dependia da agricultura de subsistência, incluindo através da formação de cooperativas agrícolas ou da abertura de fábricas.
A construção de estradas e ligações ferroviárias a ligar áreas remotas do país foi outro ponto-chave do programa de Pequim.
Entre 2013 e 2021, a China investiu o equivalente a 230 mil milhões de euros para erradicar a pobreza extrema.
O aumento do rendimento beneficiou também os cidadãos urbanos. Entre 2013 e 2020, o rendimento médio disponível anual por família urbana subiu de 26.467 yuans (3.800 euros) para 43.834 yuans (6.200 euros), um acréscimo de 66%, segundo o Gabinete Nacional de Estatísticas. No interior do país, subiu para 17.132 yuans (+82%).
O número médio de automóveis por habitante aumentou de 0,22 para 0,45, entre 2012 e 2020.
A luta contra a corrupção é também um dos principais legados de Xi Jinping.
A mais ampla campanha anticorrupção na História da República Popular da China resultou na condenação à prisão perpétua ou à pena de morte de milhares de quadros e funcionários do Partido Comunista, líderes de empresas e organizações públicas, ou oficiais do Exército.
Entre 2012 e 2022, foram emitidas 11,3 milhões de repreensões, para casos menores, enquanto 4,7 milhões de pessoas, acusadas de infrações graves, foram punidas, segundo a Comissão Central de Disciplina e Inspeção do Partido Comunista Chinês.
Regras de "frugalidade" foram também impostas na administração pública, com os banquetes e consumo de álcool a serem banidos.
A China continua a ser o maior emissor de gases poluentes do mundo, mas, sob a liderança de Xi Jinping, o país estabeleceu metas ambiciosas para reduzir as emissões.
Em 2016, a China assinou o Acordo de Paris para o Clima.
Em 2020, Xi prometeu que a China vai atingir o pico de emissões de carbono até 2030 e a neutralidade de carbono até 2060.
A triagem de resíduos está a progredir, assim como o sistema de aquecimento central usado no norte do país, outrora assente na queima de carvão, que foi, entretanto, substituído pelo gás natural.
A concentração no ar de partículas muito finas e perigosas caiu 34,8%, entre 2015 e 2021, tornando o ar em Pequim e outras cidades mais respirável.
Mais de 95,9% dos chineses estão agora cientes da gravidade das alterações climáticas, de acordo com uma pesquisa da organização China Center for Climate Change Communication.
"A consciência geral sobre a necessidade de proteger o meio ambiente aumentou significativamente", disse Wang Binbin, autor do estudo e pesquisador da Universidade Tsinghua, em Pequim.
Os últimos dez anos ficaram também marcados pelo rápido desenvolvimento do programa espacial do país.
A China pousou sondas na Lua em 2013 e 2019, incluindo no lado mais distante do satélite natural da Terra -- um feito inédito.
Em 2020, trouxe de volta amostras da superfície lunar e finalizou o Beidou, o seu sistema de navegação por satélite - rival do GPS norte-americano.
No ano passado colocou o seu primeiro robô em Marte. Este ano deve concluir a estação espacial.
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