"É imperativo que o Governo da Etiópia assuma o controlo imediato de todos os aeroportos, outras infraestruturas federais e instalações na região de Tigray "para proteger a soberania e a integridade territorial do país", afirmaram as autoridades numa declaração.
As autoridades afirmaram estar "empenhadas numa resolução pacífica do conflito através de conversações de paz lideradas pela UA".
O Governo etíope disse ainda que "lamenta profundamente" todos os "ataques a civis, incluindo trabalhadores humanitários" no conflito em curso em Tigray, após a morte de um trabalhador de uma ONG num bombardeamento.
E "reitera o seu apelo aos civis e agentes humanitários para se manterem afastados das instalações militares" dos rebeldes de Tigray, denunciando o seu "padrão estabelecido de utilização de civis como escudos humanos e instalações civis para fins militares".
No domingo, a UA pediu que as partes envolvidas no conflito etíope "se comprometam" novamente nas negociações de paz, à medida que a violência aumenta na região do Tigray, no norte do país.
"O presidente [da UA] insta as partes a renovarem o seu compromisso com o diálogo, em conformidade com o acordo firmado, para que as conversações diretas sejam convocadas na África do Sul por uma equipa de alto nível liderada pelo alto-representante da UA para o Corno de África e apoiada pela comunidade internacional", acrescentou a organização num comunicado divulgado domingo, mas datado de sábado.
O presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, disse, citado na nota, que a escalada da violência é "uma grande preocupação".
A cidade de Shire, no noroeste de Tigray, foi bombardeada por vários dias durante uma ofensiva conjunta de tropas etíopes e eritreias, causando baixas civis na investida contra os rebeldes nesta região devastada pela guerra.
O Comité Internacional de Resgate, uma organização humanitária que presta socorro em Tigray, disse no sábado que um dos seus funcionários estava entre os três civis mortos num ataque a Shire.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, juntou-se aos Estados Unidos e outras potências ocidentais para expressar a sua grande preocupação com o agravamento da violência e o seu impacto sobre os civis.
O conflito eclodiu em novembro de 2020, quando o vencedor do Prémio Nobel da Paz Abiy Ahmed enviou tropas para derrubar a TPLF, partido no poder em Tigray, acusado de organizar ataques a campos militares.
A TPLF dominou a coligação governante da Etiópia por décadas antes de Abiy chegar ao poder em 2018.
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