Etiópia disponível para conversaçõese mas quer controlar norte de Tigray

O Governo etíope afirmou hoje estar disponível para conversações, mas quer assumir o controlo dos locais federais na região norte de Tigray, um dia depois de a União Africana (UA) ter apelado ao fim "imediato" das hostilidades locais.

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Lusa
17/10/2022 12:22 ‧ 17/10/2022 por Lusa

Mundo

Governo etíope

"É imperativo que o Governo da Etiópia assuma o controlo imediato de todos os aeroportos, outras infraestruturas federais e instalações na região de Tigray "para proteger a soberania e a integridade territorial do país", afirmaram as autoridades numa declaração.

As autoridades afirmaram estar "empenhadas numa resolução pacífica do conflito através de conversações de paz lideradas pela UA".

O Governo etíope disse ainda que "lamenta profundamente" todos os "ataques a civis, incluindo trabalhadores humanitários" no conflito em curso em Tigray, após a morte de um trabalhador de uma ONG num bombardeamento.

E "reitera o seu apelo aos civis e agentes humanitários para se manterem afastados das instalações militares" dos rebeldes de Tigray, denunciando o seu "padrão estabelecido de utilização de civis como escudos humanos e instalações civis para fins militares".

No domingo, a UA pediu que as partes envolvidas no conflito etíope "se comprometam" novamente nas negociações de paz, à medida que a violência aumenta na região do Tigray, no norte do país.

"O presidente [da UA] insta as partes a renovarem o seu compromisso com o diálogo, em conformidade com o acordo firmado, para que as conversações diretas sejam convocadas na África do Sul por uma equipa de alto nível liderada pelo alto-representante da UA para o Corno de África e apoiada pela comunidade internacional", acrescentou a organização num comunicado divulgado domingo, mas datado de sábado.

O presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, disse, citado na nota, que a escalada da violência é "uma grande preocupação".

A cidade de Shire, no noroeste de Tigray, foi bombardeada por vários dias durante uma ofensiva conjunta de tropas etíopes e eritreias, causando baixas civis na investida contra os rebeldes nesta região devastada pela guerra.

O Comité Internacional de Resgate, uma organização humanitária que presta socorro em Tigray, disse no sábado que um dos seus funcionários estava entre os três civis mortos num ataque a Shire.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, juntou-se aos Estados Unidos e outras potências ocidentais para expressar a sua grande preocupação com o agravamento da violência e o seu impacto sobre os civis.

O conflito eclodiu em novembro de 2020, quando o vencedor do Prémio Nobel da Paz Abiy Ahmed enviou tropas para derrubar a TPLF, partido no poder em Tigray, acusado de organizar ataques a campos militares.

A TPLF dominou a coligação governante da Etiópia por décadas antes de Abiy chegar ao poder em 2018.

Leia Também: Tigray. Etiópa diz que relatores da ONU são "politicamente motivados"

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