Os quatro cenários possíveis para Truss sair da crise em que se meteu
A primeira-ministra britânica, Liz Truss, está sob pressão para demitir-se ou convocar eleições legislativas devido à crise política e económica no país, mesmo após ter abandonado quase totalmente a controversa estratégia fiscal.
© Reuters
Mundo Reino Unido
Estes são quatro cenários possíveis para a chefe do Governo, que assumiu o lugar de Boris Johnson há apenas 40 dias.
Demissão
Até agora, apenas cinco deputados Conservadores apelaram publicamente à demissão de Liz Truss, mas outros, falando em condição de anonimato, acreditam que a primeira-ministra não tem condições para continuar em funções.
Senior Tory backbencher Sir Charles Walker has become the fifth Conservative MP to publicly call on Liz Truss to resign as Prime Minister.
— Telegraph Politics (@TelePolitics) October 17, 2022
He told Sky News: "I think her position is untenable"https://t.co/2A8hXJmag1 pic.twitter.com/eos0D87Vxj
A credibilidade da primeira-ministra ficou abalada pela reversão da maior parte dos cortes fiscais prometidos e pelo despedimento do ministro das Finanças Kwasi Kwarteng, substituído por Jeremy Hunt, um antigo rival, e uma das opções é demitir-se voluntariamente.
Esta decisão desencadearia uma eleição interna no Partido Conservador que poderia prolongar-se durante semanas, durante a qual Truss permaneceria no poder.
Em alternativa, o partido poderia evitar mais lutas fratricidas, unindo-se em torno de um sucessor escolhido por consenso. Theresa May sucedeu a David Cameron em 2016, após o referendo do 'Brexit', depois de todos os rivais se terem retirado.
— Aubrey Allegretti (@breeallegretti) October 17, 2022
Liz Truss seems to have lost The Sun and Daily Mail pic.twitter.com/8fWZZgO0lG
Mas Liz Truss não deu nenhum sinal de que está disposta a demitir-se, tendo o porta-voz respondido hoje que ela continua concentrada nos "compromissos" como primeira-ministra.
Moção de censura
As regras internas do partido protegem um novo líder de uma moção de censura durante os primeiros 12 meses do mandato e Truss só foi confirmada em 5 de setembro.
O processo implica que pelo menos 15% dos 357 deputados conservadores - actualmente 54 - submetam uma carta ao partido onde retiram a confiança à líder para desencadear uma votação.
No entanto, o poderoso Comité 1922, responsável pela organização interna do partido, tem a possibilidade de alterar as regras. No caso de derrota, Liz Truss perderia imediatamente a liderança do partido, mas permaneceria à frente do Governo até que fosse escolhido um sucessor.
The threshold for a no confidence vote in Liz Truss would be reached 'in a couple of hours' if the 1922 Committee changed the rules, according to a Tory source pic.twitter.com/SFtsNaouN9
— The National (@ScotNational) October 13, 2022
O comité teria de estabelecer as regras do processo para escolher um novo líder, que seria o terceiro num ano e o quinto desde 2016. Todavia, os deputados parecem relutantes num novo sufrágio reservado aos membros do partido apenas dois meses após a proclamação de Truss.
Truss continua
Embora a credibilidade esteja gravemente afectada, Truss poderá ganhar margem para escapar ao despedimento graças ao novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, que é mais centrista.
O abandono da maior parte do "mini orçamento" parece ter acalmado os mercados, dando-lhe alguma estabilidade. Liz Truss deverá encontrar-se esta semana com várias fações do partido e os principais ministros, para tentar dissipar as críticas.
Jeremy Hunt irá detalhar no final do mês como o Governo pretende reduzir a dívida pública a médio prazo, mais uma oportunidade para deixar a crise para trás.
Eleições legislativas
As próximas legislativas deverão ser realizadas até janeiro de 2025, tendo a primeira-ministra a opção de convocá-las antes dessa data.
A outra opção seria uma moção de censura parlamentar, que implicaria o apoio à oposição de deputados conservadores. Esse cenário, ou o chumbo de um orçamento, levaria a chefe de Governo a demitir-se e a pedir ao rei para dissolver o parlamento.
Porém, parece pouco provável que um número suficiente de deputados conservadores se junte à oposição, devido ao risco de muitos deles perderem os assentos.
What *that* @RedfieldWilton poll could look like in a General Election:
— Election Maps UK (@ElectionMapsUK) October 17, 2022
LAB: 515 (+313)
LDM: 47 (+36)
SNP: 42 (-6)
CON: 22 (-343)
PLC: 4 (=)
GRN: 1 (=)
Labour Majority of 380.
Changes w/ GE2019. pic.twitter.com/zVC2IqxMAd
As sondagens dão ao Partido Trabalhista, a maior força da oposição, uma vantagem próxima dos 30 pontos percentuais, o que resultaria numa vitória esmagadora com maioria absoluta.
Leia Também: Sturgeon aconselha Liz Truss a demitir-se por "crise autoinfligida"
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