Kyiv acusa Rússia de "assustar" habitantes de Kherson para os retirar

As autoridades ucranianas acusaram hoje a Rússia de "tentar assustar" os habitantes de Kherson ao organizar uma retirada de moradores desta importante cidade do sul da Ucrânia, localizada na região homónima e anexada por Moscovo em fins de setembro.

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Lusa
19/10/2022 12:44 ‧ 19/10/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia

"Os russos estão a tentar assustar o povo de Kherson com falsas mensagens sobre um bombardeamento da cidade pelo nosso exército", acusou na rede social Telegram o chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andriï Yermak.

Para o chefe de gabinete do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a retirada da população de Kherson é um "espetáculo de propaganda [...] que não funciona".

As autoridades russas de ocupação na região de Kherson anunciaram hoje que, na sequência do avanço das tropas ucranianas, já começou a retirada de civis da cidade, referindo que pretendem transferir mais de 50.000 pessoas.

"A transferência organizada de moradores para a outra margem do [rio] Dnieper começou em Kherson", avançou o chefe da administração de ocupação local, Vladimir Saldo, também na rede social Telegram.

"Está prevista a retirada de 50.000 a 60.000 pessoas para a margem esquerda do Dnieper", rio que faz fronteira com a cidade de Kherson, afirmou ainda.

A retirada, a uma média diária de 10.000 pessoas, deve demorar seis dias, acrescentou o responsável, citado por agências de notícias russas.

Segundo a agência Ria-Novosti, o administrador pró-russo da região, Yevgeny Melnikov, disse que as pessoas retiradas da zona deverão ser levadas para a Rússia.

A agência de notícias refere ainda que os assinantes de redes de telemóveis locais receberam SMS pedindo-lhes para sair antes do próximo "bombardeamento do exército ucraniano".

O canal russo Rossia 24 também transmitiu uma reportagem mostrando as pessoas retiradas da região a embarcar em 'ferryboats' para atravessar o rio.

O general russo Sergey Surovikin, atualmente encarregado das operações na Ucrânia, disse, na noite de terça-feira, que o exército russo tem como prioridade "garantir a retirada segura da população" de Kherson.

"Mais ações na cidade de Kherson dependerão da situação militar", adiantou, acrescentando, sem explicar, que "não descarta uma tomada de decisão muito difícil".

A Rússia decidiu retirar a população de Kherson, onde as tropas de Moscovo enfrentam uma situação particularmente "tensa" face à contraofensiva de Kyiv.

Sergei Surovikin admitiu que a situação continua "muito difícil" para as tropas russas na região sul e na cidade de Kherson, que tem estado a ser alvo de ataques ucranianos dirigidos às "infraestruturas sociais, económicas e industriais".

Kherson é uma das regiões ucranianas - a par de Donetsk, Lugansk e Zaporijia - que foram recentemente anexadas pela Rússia, depois da realização de referendos organizados por Moscovo e contestados pela Ucrânia e pela comunidade internacional.

Leia Também: Irão disposto a dialogar com Kyiv após alegações sobre drones

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