Após declarações de Berlusconi, Michel reitera apoio da UE à Ucrânia
As declarações do presidente do Conselho Europeu surgem após Silvio Berlusconi ter afirmado que “retomou” a sua amizade com o presidente russo e ter acusado Volodymyr Zelensky de ser responsável pela guerra na Ucrânia.
© REUTERS/Johanna Geron
Mundo Guerra na Ucrânia
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, reiterou, esta quarta-feira, o apoio da União Europeia (UE) à Ucrânia e garantiu que o bloco dos 27 “trabalhará com o governo italiano”.
As declarações do político belga surgem após Silvio Berlusconi, que negoceia a formação do novo governo de Itália, ter afirmado que “retomou” a sua amizade com o presidente russo, Vladimir Putin, e ter acusado Volodymyr Zelensky de ser responsável pela guerra na Ucrânia.
Questionado pela agência de notícias espanhola Efe sobre os áudios gravados numa cerimónia à porta fechada com militantes do partido Força Itália e divulgados pela La Presse, Charles Michel recusou-se a fazer “comentários sobre comentários” e salientou que “existe uma posição clara da União Europeia que tem sido reiterada muitas vezes”.
“Apoiamos a Ucrânia tanto quanto podemos, com apoio financeiro, militar, político e humanitário. Condenamos a Rússia. Não aceitamos esta guerra injustificada e não provocada lançada pela Rússia contra a Ucrânia”, frisou.
O responsável europeu acrescentou que a UE “irá trabalhar e cooperar com todos os governos e também com o governo italiano, com base no respeito pelas instituições democráticas italianas”.
Também a porta-voz dos Negócios Estrangeiros da UE, Nabila Massrali, lembrou que qualquer contacto com as autoridades russas deve ter como prioridade pedir o fim da guerra da Ucrânia.
"Não vamos comentar sobre os diferentes políticos que querem renovar contactos com quem quiserem", disse.
Massrali assegurou que os Estados-membros são "livres para fazer os contactos bilaterais que considerem convenientes" desde que respeitem "as posições e políticas da UE, em que reduzimos essas relações ao mínimo necessário".
"Os contactos com os homólogos russos não são proibidos", explicou, mas sublinhou que "a prioridade deve, naturalmente, ser a de transmitir as suas posições em relação à invasão e agressão ilegítimas contra a Ucrânia".
"Peçam aos seus homólogos russos que a parem imediatamente e cumpram a lei internacional", acrescentou a porta-voz de Josep Borrell.
Na terça-feira, a agência La Presse divulgou um áudio gravado num evento do Força Itália, em que Berlusconi afirmou que retomou a sua amizade com Putin. "Depois de muito tempo, retomei um pouco as relações com o presidente Putin, que no meu aniversário [29 de setembro] me enviou 20 garrafas de vodka e uma carta muito gentil. Retorqui com garrafas de [vinho] Lambrusco e um menu igualmente suave", afirmou.
Já esta quarta-feira, foi divulgado um outro áudio, onde o ex-primeiro-ministro italiano acusou a Ucrânia de ter violado os acordos de Minsk, assinados em 2014, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de ter “triplicado” os ataques na região do Donbass. Disse ainda que Putin, "contra qualquer iniciativa", teve de "inventar uma operação militar" para fazer face aos ataques de Zelensky, após um pedido de ajuda das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk.
A líder dos Irmãos de Itália, Giorgia Meloni - que deverá tornar-se a próxima primeira-ministra italiana, mas precisa de uma coligação com o Força Itália de Silvio Berlusconi e a Liga de Matteo Salvini para formar maioria - já reagiu à polémica e revelou que pedirá "clareza" aos seus ministros sobre a posição do país na Europa e na Aliança Atlântica.
"Sobre uma coisa tenho sido, sou e serei sempre clara: pretendo liderar um executivo com uma linha de política externa clara e inequívoca. A Itália faz parte, plenamente e de cabeça erguida, da Europa e da Aliança Atlântica", advertiu Meloni. "Quem não concordar com isto não pode fazer parte do governo".
No entanto, o Força Itália emitiu apressadamente um comunicado para esclarecer a posição do partido em relação à Rússia e à Ucrânia, que está "em linha com a Europa e os Estados Unidos".
Por seu turno, a esquerda alertou que "não é folclore, não é piada".
"A nova maioria está a iniciar uma mudança na trajetória de Itália para uma posição cada vez mais ambígua em relação à Rússia", denunciou o líder do Partido Democrata, Enrico Letta, no Twitter.
Domanda per @GiorgiaMeloni. Chi danneggia 🇮🇹 all’estero? L’opposizione che fa l’opposizione? Il Presidente della Camera che delegittima le sanzioni 🇪🇺 alla Russia? Gasparri contro la 194? Berlusconi che riallaccia i rapporti con l’invasore dell’🇺🇦?
— Enrico Letta (@EnricoLetta) October 19, 2022
[Notícia atualizada às 23h44]
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