A primeira-ministra britânica, Liz Truss, acaba de renunciar ao cargo, apenas 45 dias após ter sido eleita líder do Partido Conservador.
O anúncio foi feito pela própria à porta da residência oficial de Downing Street, em Londres, onde acrescentou que apresentou a sua demissão ao Rei Carlos III, pondo fim a um governo que estava em funções há cerca de seis semanas.
Truss adiantou que o sucessor será encontrado até ao fim da próxima semana.
Assumi o cargo num momento de grande instabilidade económica e internacional", afirmou. "Reconheço que, dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador. Por conseguinte, falei com Sua Majestade o Rei para o notificar de que me demito como líder do Partido Conservador."
As declarações surgem apenas 24 horas depois de a primeira-ministra britânica ter assegurado ser "uma lutadora e não uma desistente" em resposta à pressão da oposição para se demitir após a crise financeira que levou à reversão dos cortes fiscais prometidos.
Um pacote de cortes fiscais anunciado a 23 de setembro sem explicação convincente sobre a forma de financiamento causou turbulência nos mercados financeiros, afundando o valor da libra e aumentando os juros das obrigações do Estado britânicas.
O Banco de Inglaterra foi forçado a intervir para evitar que a crise se propagasse à economia em geral e pusesse em risco fundos das pensões de reforma.
Há menos de dois meses no cargo, Truss tinha atualmente o nível de popularidade mais baixo de qualquer primeiro-ministro, com apenas 10% de opiniões favoráveis entre os britânicos, segundo um estudo da empresa YouGov.
Na sondagem mais recente sobre as intenções de voto, realizada pela Redfield & Wilton Strategies, o Partido Trabalhista tem 56% das preferências, contra 20% do Partido Conservador.
Liz Truss sucedeu a Boris Johnson como primeira-ministra a 6 de setembro, depois de derrotar Rishi Sunak na disputa pela liderança do Partido Conservador.
Vários deputados do Partido Conservador já tinham manifestado publicamente o desejo que Truss se demitisse, na sequência da instabilidade no Governo e relatos de confusão e coação física numa votação no parlamento na quarta-feira.
Segundo a estação Sky News, pelo menos 14 deputados entre os 357 do Partido Conservador indicaram publicamente querer a demissão de Truss.
As próximas eleições legislativas não estão agendadas, tendo como prazo que se realizem até janeiro de 2025.
[Notícia atualizada às 14h02]
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